Cientista abre novo capítulo no estudo de mosquitos da malária

Cientista russo da Universidade Estatal de Tomsk desenvolveu método de cultivo em laboratório do mosquito da malária ‘Anopheles beklemishevi’. Agora os cientistas podem estudar com precisão a fisiologia e processo de transferência do ‘plasmodium’.

Cientista abre novo capítulo no estudo de mosquitos da malária
Cientista abre novo capítulo no estudo de mosquitos da malária

Yuri Novikov, cientista do Instituto Biológico da Universidade Estatal de Tomsk, na Russia, que se dedica ao estudo da ecologia e distribuição de uma espécie de mosquito da malária, o ‘Maculipennis complex’, descreve em artigos publicados no ‘American Journal of Vector Ecology’ um método de cultivo do mosquito ‘Anopheles beklemishevi’ em laboratório.

O cultivo do ‘Anopheles beklemishevi’ em laboratório ajuda a resolver dois problemas de uma só vez, indica Yuri Novikov. “Primeiro, passamos a ter mais mosquitos e podemos trabalhar com eles, não sazonalmente, mas ao longo de todo o ano. Em segundo lugar, como resultado do cultivo em laboratório, obtemos fêmeas virgens, sem as quais o processo de hibridização não é possível”.

A hibridização permite avançar no estudo de mosquitos da malária, levando a uma investigação mais precisa da fisiologia e da capacidade de transferir o ‘plasmodium’ que causa a doença.

De acordo com Yuri Novikov, o estudo dos híbridos fornece uma oportunidade para avaliar o grau de compatibilidade reprodutiva das espécies, o que é um argumento importante na reconstrução da evolução deste grupo de espécies que estão relacionadas.

Para o cientista experiências em laboratório irão permitir prever a provável composição das espécies de mosquitos e a situação epidemiológica na Sibéria, devido à rápida mudança do clima.

Além disso, no decorrer de um estudo detalhado e análise comparativa de 8 mil espécimes conhecidas de 34 áreas na Russas e no Cazaquistão, o cientista determinou que o ‘habitat’ da espécie ‘Anopheles beklemishevi’ é muito mais amplo do que era esperado: o mosquito espalhou-se da Estónia para Yakutia e do Ártico para o Altai ‎(república da federação russa, uma região oriental da Ásia Central entre a Mongólia, a China e o Cazaquistão) e a região dos montes Sayan.

Yuri Novikov esclarece que a população relativa da espécie é baixa em todos os lugares, além disso, no sul da Sibéria Ocidental e em Altai a frequência tem sido constantemente reduzida. Na vizinhança de Tomsk (Kolarovo), a proporção de ‘Anopheles beklemishevi’ no número total de mosquitos da malária caiu de 25% em 1976 para os atuais 3,2%.

De acordo com o cientista, a descoberta dos representantes deste tipo de mosquitos em Yakutia, na Sibéria, é uma confirmação indireta da ideia de que os mosquitos da malária do ‘Maculipennis complex’ vieram para a Eurásia (continente composto pela Europa e Ásia) a partir da América através da região designada por ‘Bering Land Bridge’ ou Beríngia.

Os estudos de Yuri Novikov mostram que, como resultado da mudança climática, há uma expansão de espécies de mosquitos da área do sudoeste que estão em movimento para o nordeste, conquistando um novo ‘habitat’ com sucesso, e criando-se em áreas onde anteriormente não poderiam sobreviver.