A Europa e a China são duas das três maiores potências económicas e comerciais do mundo, afirmou a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, após a Cimeira União Europeia (UE) e a China, que ocorreu em Bejing na China. Que face à dimensão económica torna que a relação entre a UE e a China seja uma das mais importantes do século XXI.
Para a Presidente da Comissão Europeia a Cimeira UE – China foi uma oportunidade para abordar áreas-chave do relacionamento bilateral e para dar conta das preocupações da UE à liderança chinesa, particularmente no comércio e nos investimentos.
Para um melhor entendimento das preocupações Ursula von der Leyen referiu: “A UE é responsável por uns impressionantes 14,5% do total das exportações da China. Mas a China representa apenas 8% das nossas exportações.” Isto mostra um desequilíbrio que para a Presidente da Comissão Europeia “deve-se principalmente ao número crescente de distorções comerciais e de barreiras de acesso ao mercado” da China.
Pelo contrário, “a Europa mantém o seu mercado aberto aos produtos chineses”. No entanto, a mesma “abertura não é igualada pela China”, e assim, “o défice comercial da UE com a China duplicou na última década, atingindo mais de 300 mil milhões de euros.”
Em face das disparidades, Ursula von der Leyen indicou que foi dito “à liderança chinesa, para que o comércio continue a ser mutuamente benéfico, deve tornar-se mais equilibrado. A Europa congratula-se com a concorrência. Mas deve ser justa.”
Para uma relação comercial mais equilibrada a Presidente da Comissão Europeia colocou à China o que considera três áreas prioritárias onde o progresso é possível e necessário, nomeadamente:
■ Em primeiro lugar, o acesso ao mercado. A reciprocidade é um princípio simples e claro tendo a sido colocada a importância dessa reciprocidade nas compras públicas.
■ Em segundo lugar, o excesso de capacidade na economia da China, em sectores cruciais como o aço, os painéis solares, os veículos elétricos e as baterias. A prática de uma produção subsidiada leva a um excesso de produção que vai para outros mercados. Se alguns mercados restringirem as exportações chinesas, maior será o risco de desvio de comércio e de pressão sobre o mercado da UE.
As pressões sobre o mercado europeu vai colocar competitividade industrial da UE em risco, numa altura em que a UE está “a fazer investimentos significativos na transição para a energia limpa”. De acordo com Ursula von der Leyen “a liderança chinesa começou a analisar esta questão sob o termo involução e manifestou disponibilidade para apoiar mais a parte do consumo e menos a parte da produção.” Para a UE “isso é importante”. No entanto, “precisamos de ver progressos nesta questão. Porque sem isso seria difícil para a UE manter o seu atual nível de abertura”, afirmou a líder da UE.
■ A terceira questão foram os controlos de exportação de terras raras e de ímanes permanentes da China. Ora, para a Presidente da Comissão Europeia “estes controlos de exportação colocaram uma pressão significativa sobre algumas empresas europeias.” Nesta questão a UE pretende “um fornecimento fiável e seguro de matérias-primas essenciais provenientes da China”.
Ursula von der Leyen relevou que a necessidade de reequilibrar o balança comercial entre a UE e a China “é ainda mais urgente no atual contexto de aumento global das tarifas”, que como duas das maiores economias do mundo, têm “a responsabilidade de manter e reformar o sistema de comércio global” para o “manter aberto, justo e baseado em regras”, incluindo “a manutenção de normas, regras e instituições internacionais”.
Na cimeira, a Presidente da Comissão Europeia levantou a questão crítica do apoio da China à Rússia num contexto de guerra contra a Ucrânia, e referiu que “isso tem um impacto direto e perigoso na segurança da Europa.” Mas também foram expressadas as expectativas de que a China iria “usar a sua influência para levar a Rússia a aceitar um cessar-fogo, a sentar-se à mesa das negociações, a entrar em negociações de paz e a pôr fim ao derramamento de sangue”.
Para a Presidente da Comissão Europeia “a forma como a China continuará a interagir com a guerra de Putin será um fator determinante para as nossas relações futuras.”
Outra das áreas discutidas na Cimeira foram as alterações climáticas, que se traduziu numa declaração conjunta sobre o clima e o ambiente que “é um grande passo em frente” e em que há “oportunidades de trabalhar mais de perto em setores como o comércio de emissões, a captura e armazenamento de carbono ou a economia circular.”














