Arte Angolana e Moçambicana em Oeiras

Pinturas, esculturas, fotografias e trabalhos de desenho de artistas angolanos e moçambicanos estão em exposição Centro de Arte Manuel de Brito (CAMB).

O meu rosto é sagrado
Foto de Mauro Pinto, 2012

As obras criadas entre 1964 e 2014 integram a exposição “Artistas de Angola e de Moçambique na Coleção Manuel de Brito” no Palácio Anjos, Alameda Hermano Patrone, em Algés.

António Ole e Francisco Vidal, dois artistas, que fizeram parte da representação angolana na Bienal de Veneza, em 2015, são apresentados nesta exposição cruzando duas gerações distintas mas representativas da arte angolana atual.

“António Ole está representado em muitos museus e é reconhecido internacionalmente pelas fotografias, pelos filmes, pelas instalações que refletem o passado, o presente e o futuro do seu país. Da série Paredes são exibidos dois trabalhos feitos com cascas de fachadas de casas e uma colagem da série Cadernos de Bordo. De Francisco Vidal pinturas sobre tecido, tela e papel”, refere a Câmara de Oeiras.

De Moçambique as obras também pertencem a duas gerações. “Bertina Lopes, apesar de ter vivido uma grande parte da sua vida fora do país, nunca deixou um só dia de pensar e ajudar a sua gente. As suas memórias de infância e o amor pela sua terra foram marcantes na sua vasta obra”.

Na exposição os desenhos e pinturas de Malangatana, “um nome maior da arte moçambicana, remetem-nos para os tempos duros da guerra e da repressão colonial em que o sofrimento do povo é retratado pelo artista. Também as esculturas de Chissano, de grande dramatismo, refletem a dor das pessoas perante a injustiça e a prepotência”.

As pinturas de Celestino Mudaulane mostram-nos “o dia-a-dia dos seus conterrâneos, como a vida familiar, a condição da mulher ou as feiras onde tudo se compra e vende”.

Mauro Pinto, vencedor do prémio Bes Photo 2012, mostra-nos através da fotografia a sensibilidade no momento da captura da imagem perante o olhar. “As fotografias não são compostas e as que se apresentam nesta exposição retratam uma mulher que ao ver uma máquina fotográfica tapa o rosto, uns pés com chinelos que surgem numa nesga de uma porta, um escrito infantil numa parede, uma casa às riscas que se avista através de um muro partido, um sapato de cetim cor-de-rosa abandonado num esgoto ou umas luvas de plástico, formando uma flor, que tapam um cano roto”.

Outro artista representado na exposição é Gonçalo Mabunda, Este artista possui “a sua obra espalhada pelos grandes museus e é considerado, nos meios artísticos, como um dos mais consagrados artistas moçambicanos”. Gonçalo Mabunda recorre a diversos materiais, como “armas, munições e outros despojos de guerra mas também com peças de automóveis, restos de eletrodomésticos e de utensílios do quotidiano”, para construir as esculturas.

Também na arte da escultura o moçambicano Pedro Vaz “apresenta no jardim a peça Monólito, uma escultura de grande dimensão que, no exterior, é uma pedra gigante e, no interior, uma caverna revestida por losangos e triângulos em espelho inox”.