Baixos salários atira médicos de medicina interna para duplo emprego

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna faz 65 anos, e indica que Portugal é o país que no mundo melhor preservou a vocação generalista da medicina interna. Mas os baixos salários dos profissionais obriga-os a duplo emprego.

Baixos salários atira médicos de medicina interna para duplo emprego
Baixos salários atira médicos de medicina interna para duplo emprego. Foto: © DR

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) comemora os 65 anos de existência, um longo período, e por isso um momento para reflexão sobre a especialidade em Portugal, dado que, refere o Presidente da SPMI, Luís Campos: “Precisamos de mais Medicina Interna para os nossos doentes!”

Portugal é, provavelmente, o país no mundo que melhor soube preservar a vocação generalista da Medicina Interna e a posição nuclear da especialidade no hospital, refere a SPMI em comunicado.

A SPMI refere ainda que “os internistas em Portugal têm capacidade para abordar todas as doenças médicas dos adultos, seja nos serviços de urgência, nas enfermarias ou no ambulatório, podem tratar a maioria das doenças, decidir quando necessitam a cooperação de outras especialidades ou em que circunstância devem referenciar os doentes a outras especialidades”.

Os internistas “têm também a capacidade para abordar os doentes sem diagnóstico, tratar as doenças sistémicas e prestar cuidados paliativos”.

São conhecidas muitas das fragilidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Um serviço que é permanentemente confrontado com défices de financiamento e necessidade de aumentar os cuidados de saúde numa população progressivamente mais envelhecida, mas que devido à competência e dedicação dos internistas tem sido possível “dar resposta à variabilidade da pressão sobre os hospitais nas urgências e no internamento e tem evitado ruturas no SNS”.

No entanto, refere a SPMI, o esforço dos profissionais “tem um impacto relevante sobre a vida pessoal e familiar de cada internista, que aliado à diminuição do rendimento mensal e do preço das horas extraordinárias, tem lançado muitos na procura do duplo emprego e tem provocado um crescente burnout entre estes profissionais e assistentes”.

Para Luís Campos “este é um problema a que urge fazer frente, através da discriminação positiva da Medicina Interna e de outras medidas que atenuem este problema e tornem o exercício desta especialidade mais compensador e atrativo”.

Para comemorar os 65 anos, a SPMI realiza, no dia 16 de dezembro, às 18h00, na Faculdade de Ciências Médicas/Nova Medical School, um evento para refletir sobre as diversas questões que se colocam na atualidade à medicina. A SPMI indica que a sessão será presidida pelo Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes”.