Caminho da Geira e dos Arrieiros reconhecido por Governo da Galiza por ligar história, tradição e património

Caminho da Geira e dos Arrieiros reconhecido por Governo da Galiza por ligar história, tradição e património
Caminho da Geira e dos Arrieiros reconhecido por Governo da Galiza por ligar história, tradição e património. Foto: DR

É nas tradições que encontramos as raízes de um povo, construções culturais, retratos e testemunhos dos tempos que a História narra, percursos que as gerações arrastam nos genes que caraterizam um povo. Em tempos de homogeneidade forçada pela globalização dos interesses é a individualização cultural a riqueza principal de um povo. Preservar essa riqueza cultural é atualmente um dos seus principais deveres.

Numa interpretação desses deveres o Governo da Galiza, Espanha, anunciou que irá reconhecer, em 2026, itinerários culturais de interesse autonómico (regional) associadas ao Caminho de Santiago, com nova categoria. Como indicado por José López Campos, Ministro da Cultura, Língua e Juventude, do Governo da Galiza, o objetivo é dar uma classificação a percursos que, embora não preencham todos os critérios exigidos para serem declarados “Caminho de Santiago”, “cumprem os requisitos considerados relevantes para receberem uma atenção especial das administrações públicas”.

Percursos, como o Caminho Cultural de Santiago da Geira e dos Arrieiros, que começa em Braga, são considerados, referiu o Ministro López Campos, “percursos que ligam a história, tradição e património, e especialmente importantes para difundir a cultura e identidade por toda a região”.

López Campos explicou no passado dia 23 de dezembro, após uma reunião com representantes de municípios galegos, que a criação da nova categoria para os percursos responde às solicitações “dos municípios, associações e entidades que, nos últimos anos, têm realizado um extenso trabalho de documentação para divulgar rotas únicas”.

Com a criação da nova categoria é esperado um maior destaque dos itinerários que promovem e difundem a cultura, o desenvolvimento sustentável e a coesão social em diferentes regiões, especialmente nas áreas em risco de exclusão cultural devido às suas condições geográficas e sociais.

Para além do Caminho Cultural de Santiago da Geira e dos Arrieiros (CGA), os itinerários de São Rosendo (Santo Tirso), Minhoto Ribeiro (Braga), Muxía via Brandomil, Mariñán, Muros-Noia, do Mar e do Künig deverão ser reconhecidos com a nova categoria.

Entre os diversos itinerários, o Caminho Cultural de Santiago da Geira e dos Arrieiros tem sido o itinerário mais procurado pelos peregrinos, tendo atingido as 757 compostelas em 2025. Nos oito anos, é estimado que tenha sido percorrido por pelo menos 7.634 pessoas, e que 3.176 cumpriram o percurso recebendo o documento da chegada à capital da Galiza, Santiago de Compostela.

A nova categoria será formalizada por Decreto do Governo da Galiza que estabelecerá as medidas específicas para a proteção, promoção e apoio, garantindo que os percursos classificados recebem “uma atenção especial por parte das administrações públicas no planeamento de programas culturais, na atribuição de subsídios e na conceção de iniciativas que valorizem a sua importância”.

O Caminho da Geira e dos Arrieiros, com 239 quilómetros, tem início na Sé de Braga e segue pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço, com entrada na Galiza pela Portela do Homem, com percurso à Catedral de Santiago de Compostela. Um itinerário que se destaca por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira, a via do género mais bem conservada do antigo Império Romano do Ocidente, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.

Foi apresentado em 2017, em Ribadavia, na Galiza, e em Braga, reconhecido pela Igreja em 2019, e divulgado em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico e do Turismo do Porto e Norte de Portugal.