Cancro do Intestino: A importância da colonoscopia precoce

Estudo europeu revela haver falta de informação sobre as vantagens da colonoscopia. Uma situação que coloca em causa a realização do exame que é um meio de diagnóstico eficaz na deteção do cancro do intestino. A deteção precoce do cancro colerretal permite taxas de sobrevivências de 90%.

Cancro do Intestino: A importância da colonoscopia precoce
Cancro do Intestino: A importância da colonoscopia precoce. Foto: Rosa Pinto

O estudo europeu Public Attitudes Towards Colonoscopy indica haver falta de informação sobre a realização de colonoscopias. Alguns mitos podem estar a prejudicar a realização de diagnóstico precoce do cancro do intestino. Neste sentido e no âmbito do Dia Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, que se assinala no dia 3 de novembro, a Associação Europacolon Portugal pretende sensibilizar a população para a importância da realização da colonoscopia, um exame que permite diagnosticar atempadamente o cancro colorretal, que causa 11 mortes por dia em Portugal.

O estudo europeu, que teve o apoio da Norgine, indica que os vários mitos e o desconhecimento dos benefícios da colonoscopia podem reduzir a probabilidade do exame ser realizado por milhares de pessoas. O estudo resultou de um inquérito realizado a dois grupos distintos: quem nunca fez o exame e quem o fez nos últimos 5 anos, e permitiu avaliar a atitude das pessoas em relação à colonoscopia, bem como o conhecimento sobre o procedimento e a informação sobre o exame.

Os dados recolhidos pelo estudo permitiram desmistificar as expectativas que as pessoas têm em relação à colonoscopia:

  • A maior parte dos inquiridos (94%) considerou o procedimento melhor ou igual ao expectável e apenas 6% considerou pior;
  • Verificou-se que o exame em si é a pior parte do processo para aqueles que nunca fizeram o exame (38%), enquanto que os que foram submetidos a uma colonoscopia salientaram a preparação intestinal como a pior fase (47%);
  • A colonoscopia está fortemente associada ao diagnóstico de uma doença intestinal ou cancro e, por isso, acaba por ser menos vista como um procedimento preventivo ou terapêutico, causando maior resistência por parte da população;
  • A maioria das pessoas pretende consultar um médico para obter informações sobre o que é a colonoscopia (80%), do que pesquisar informação na internet;
  • O conhecimento sobre a quantidade de líquido a ser ingerido para a preparação do exame não corresponde à realidade. A maior parte das pessoas inquiridas acham que o líquido de preparação para o exame tem 1 litro ou menos (67%) e apenas 12% pensa que terá 2 litros;
  • Apesar da experiência da realização da colonoscopia ter sido considerada melhor do que o expectável, 2 em cada 5 adultos ainda ficariam envergonhados de a fazer novamente. No grupo dos que nunca realizaram o exame, 59% refere que seria uma situação desconfortável e 43% das pessoas que já realizaram, continuam a sentir o mesmo constrangimento como se fosse a primeira vez.

“Na maior parte dos casos a falta de vigilância leva a um diagnóstico tardio, precisamente por não haver sintomas na fase inicial da doença e por isso não são realizados os rastreios preventivos. As fases iniciais do cancro do intestino, por norma, não causam dor. Mesmo sem qualquer sintoma, a partir dos 50 anos é necessário fazer o despiste, pois a progressão da doença é silenciosa. Se a doença for detetada a tempo, poderá ter cura em 90% dos casos”, explicou Vitor Neves, presidente da Europacolon Portugal.

O responsável pela Europacolon Portugal explicou ainda que “para acabar com os mitos associados à colonoscopia é necessário alertar, informar e motivar a população, não só sobre o exame, mas também para as consultas de rotina, uma vez que os médicos têm um papel fundamental neste processo. É também fundamental haver igualdade de acessos, combater as assimetrias regionais e investir no desenvolvimento de profissionais de saúde e novas tecnologias”.

A Europacolon Portugal indicou que:

  • O cancro colorretal é o tumor maligno com maior incidência (14,5%);
  • Devido à doença morrem 11 portugueses por dia;
  • Na Europa surgem 370 mil novos casos de cancro colorretal por ano;
  • Na Europa a doença é responsável pela morte de 170 mil pessoas por ano;
  • O cancro colorretal é a principal causa de morte por cancro;
  • Existem mais de 80 mil doentes ativos e 50% da população desconhece os sintomas desta patologia-

A maioria dos cancros do colon e reto desenvolvem-se a partir de lesões no intestino grosso – os pólipos, mais especificamente os pólipos adenomatosos (ou adenomas), que são formações que surgem na camada que reveste a mucosa do intestino grosso. Muitas das mortes provocadas pelo cancro seriam evitáveis através de medidas de prevenção como a diminuição da exposição a fatores de risco e o diagnóstico precoce através da realização do rastreio.

A Colonoscopia Total (endoscopia do colon e reto) é o único meio eficaz de rastreio do cancro colorretal porque, para além de diagnosticar lesões avançadas, pode tratar lesões benignas (pólipos) com potencial maligno. O exame permite reduzir até 40% o número de casos de cancro colorretal, doença que mata 1,2 milhões de pessoas a cada ano em todo o mundo.

A Europacolon Portugal alerta para os sintomas que a população deve estar atenta:

  • Alteração persistente dos hábitos intestinais, com o aparecimento de prisão de ventre ou diarreia, sem razão aparente;
  • Perda de sangue pelo recto/ânus ou misturado nas fezes sem irritação, dor ou prurido;
  • Sensação de que o intestino não esvazia completamente;
  • Dor forte ou desconforto abdominal, sem explicação aparente;
  • Cansaço e emagrecimento sem razão aparente.