Catorze portugueses são diariamente diagnosticados com cancro do pulmão e 12 morrem da doença

Catorze portugueses são diariamente diagnosticados com cancro do pulmão e 12 morrem da doença
Catorze portugueses são diariamente diagnosticados com cancro do pulmão e 12 morrem da doença

Quando se assinala o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, 1 de agosto, o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP) alerta para o que designa de uma dupla realidade: os números alarmantes continuam a marcar a doença, em Portugal, e por outro lado os avanços nos tratamentos estão a mudar de forma significativa o percurso de muitos doentes.

O GECP indica que é urgente reforçar a prevenção e o diagnóstico precoce, que são pilares fundamentais no combate ao cancro do pulmão, no entanto, também destaca que, atualmente, dados os progressos notáveis na abordagem e no tratamento da doença, há motivos para acreditar que será possível tornar o cancro do pulmão numa doença crónica.

Todos os dias, 14 portugueses recebem o diagnóstico de cancro do pulmão e, diariamente, 12 pacientes morrem devido esta doença silenciosa. Em 2023, o cancro do pulmão foi responsável por 4.490 mortes no país. Um número que foi recorde e que reflete uma tendência crescente e alarmante, com a região Norte do país a concentrar 36% da mortalidade associada à doença.

Entre os fatores de risco o tabaco continua a manter-se como o fator principal de risco para o cancro do pulmão, com um peso de cerca de 80 a 85% dos casos diagnosticados. Uma realidade que torna a prevenção absolutamente crucial. Também, o aumento da prevalência do tabagismo entre as mulheres e o início cada vez mais precoce do consumo explicam, em parte, o crescimento alarmante da mortalidade feminina por cancro do pulmão nos últimos anos.

No entanto, mesmo com a gravidade do cenário, o GECP sublinha haver razões para otimismo, dado que nos últimos anos, a medicina de precisão evoluiu de forma notável, oferecendo várias opções de tratamento mais eficazes, nomeadamente as terapias alvo e a imunoterapia.

Daniela Madama, membro da Comissão Científica do GECP referiu que “a medicina de precisão veio revolucionar o tratamento do cancro do pulmão, trazendo terapêuticas cada vez mais eficazes, menos agressivas e melhor toleradas, que permitem a muitos doentes viver mais tempo e com melhor qualidade de vida, mesmo nos estádios mais avançados da doença.”

A especialista acrescentou: “Atualmente, conseguimos oferecer opções de tratamento personalizadas, ajustadas às características biológicas de cada tumor, e isso está a ter um impacto real na redução da mortalidade e na qualidade de vida dos doentes.

De facto, nos últimos 20 anos, verificou-se uma diminuição da mortalidade prematura associada ao cancro do pulmão em Portugal, passando de 37,3% em 2003 para 27,7% em 2023, em pessoas com menos de 65 anos.

O GECP destaca a notícia sobre o avanço dos dois projetos-piloto de rastreio do cancro do pulmão, uma medida que há muito era aguardada pela comunidade médica e científica. “Para nós, esta decisão foi recebida com enorme satisfação e esperança. É um passo fundamental para que possamos detetar a doença mais cedo, quando as hipóteses de tratamento eficaz e de cura são muito maiores”, sublinhou a especialista em Pneumologia, citada em comunicado do GECP.

Para assinalar o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, o GECP está a partilhar nas suas cotas de redes sociais uma mensagem em vídeo, “O Cancro do Pulmão em Portugal”, que transmite uma mensagem de sensibilização e um alerta para a realidade da doença, os sintomas e os números preocupantes que continuam a registar-se. O vídeo também transmite uma mensagem de esperança, ao mostrar que os avanços na prevenção, no diagnóstico e nos tratamentos podem mudar o rumo do cancro do pulmão e oferecer uma nova perspetiva a milhares de doentes e famílias.