Conferência Episcopal Portuguesa cria fundo para indemnizar vítimas de abusos sexuais

Conferência Episcopal Portuguesa cria fundo para indemnizar vítimas de abusos sexuais
Conferência Episcopal Portuguesa cria fundo para indemnizar vítimas de abusos sexuais. Foto: Rosa Pinto/arquivo

A Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorreu de 8 a 11 de abril de 2024, em Fátima, refletiu sobre a complexidade social em que vive a sociedade portuguesa, com desigualdades gritantes, crises sucessivas e níveis da pobreza em crescimento, agravando as já difíceis condições de vida das famílias.

Na Conferência, onde participou, entre outros, o Núncio Apostólico, o Presidente e a Vice-Presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal e a Presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal, abordou a realidade dos migrantes que chegam ao nosso país em busca de uma vida melhor e a dificuldade das instituições em dar uma resposta adequada ao seu acolhimento e inclusão.

A Assembleia reconheceu que é necessário ir além das respostas de emergência, e que as instituições da Igreja possuem uma larga experiência no acolhimento, proteção, promoção e inclusão de migrantes e refugiados, e que estão disponíveis para cooperar com os organismos estatais, na criação de condições justas e dignas da vida dos milhares de imigrantes que chegam a Portugal.

Quando se aproxima a data comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, a Assembleia reconheceu tudo o que de positivo se conseguiu no Portugal democrático. No entanto, indicou que “na senda da liberdade, sem esquecer a justiça social e a responsabilidade em função da dignidade humana e do bem comum, somos chamados, hoje, a retomar os valores de Abril no sentido da democratização do país, do fim da guerra e do desenvolvimento geral. Há ainda muito por fazer, para que os fundamentos da democracia não sejam postos em causa”.

Uma das decisões esperada foi a aprovação, “de forma unânime”, da atribuição “de compensações financeiras, com caráter supletivo, a vítimas de abusos sexuais contra crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal.”

Para a atribuição das compensações financeiras, a Assembleia “definiu que os pedidos de compensação financeira deverão ser apresentados ao Grupo VITA ou às Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis entre junho e dezembro de 2024.” A determinação dos montantes das compensações será feita por uma comissão de avaliação.

De forma a garantir as compensações que vierem a ser definidas, a Assembleia decidiu criar um fundo da Conferência Episcopal Portuguesa para esse fim, “e que contará com o contributo solidário de todas as Dioceses”.

A Assembleia para além da aprovação de uma nota pastoral “Sem a Eucaristia não podemos viver” por ocasião do 5.º Congresso Eucarístico Nacional, a decorrer em Braga, de 31 de maio a 2 de junho, e onde participará o Cardeal José Tolentino de Mendonça enquanto Enviado Especial do Papa Francisco, também apreciou o relatório da segunda fase do processo sinodal em curso, tratou de detalhes da visita ad Limina Apostolorum dos Bispos portugueses a Roma de 20 a 24 de maio de 2024 e aprovou o Relatório de Contas de 2023 do Secretariado Geral da CEP.