Dispositivos eletrónicos de nicotina prejudicam a saúde

Onze Sociedades científicas internacionais de Pneumologia e Cirurgia Torácica Ibero-Latino-Americanas indicam que os dispositivos eletrónicos de fornecimento de nicotina representam uma ameaça à saúde respiratória.

Dispositivos eletrónicos de nicotina prejudicam a saúde
Dispositivos eletrónicos de nicotina prejudicam a saúde. Foto: © Rosa Pinto

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia é uma das onze sociedades científicas de Pneumologia e Cirurgia Torácica Ibero-Latino-Americanas que tomaram uma posição conjunta sobre os Dispositivos Eletrónicos de Fornecimento de Nicotina (DEFN). Na declaração indicam que “a saúde respiratória necessita de ar limpo. A inalação direta, ou em segunda via, de fumo e/ou aerossóis gerados pelos dispositivos eletrónicos de fornecimento de nicotina, ou outros dispositivos, representa uma ameaça à saúde respiratória”.

Os especialistas referem que “todas as estruturas do sistema respiratório são organizadas para a inalação do ar limpo e oxigenado, sem o qual a vida não seria possível. As sociedades de profissionais comprometidas com a respiração saudável alertam a população em geral para evitar o uso de qualquer tipo de dispositivo que facilite a inalação de substâncias estranhas, cuja segurança não tenha sido comprovada cientificamente”.

A declaração apresenta os seguintes itens:

1. O tratamento mais eficaz e seguro para ajudar os fumadores a deixarem de fumar é a combinação de aconselhamento psicológico e tratamento farmacológico. Três tratamentos medicamentosos provaram ser eficazes: a terapêutica de substituição de nicotina (pastilhas, adesivos transdérmicos, comprimidos, rebuçados, inaladores e spray), bupropiona e vareniclina. É necessário que sejam utilizados em doses e períodos padrão para que sejam capazes de duplicar e até triplicar a possibilidade de sucesso.

2. A análise científica dos estudos sobre os DEFN realizados até o momento mostrou que estes dispositivos não são eficazes ou são limitados para ajudar o indivíduo a deixar de fumar.

3. Os DEFN não demonstraram segurança. Existem vários estudos independentes que indicam efeitos adversos na sua utilização a curto prazo. Além disso, a ocorrência de efeitos adversos a médio longo prazo não pode ser descartada, sendo atualmente desconhecida devido ao curto período de observação. Por outro lado, estão a ser promovidas campanhas promocionais com identidade de marca com o foco dirigido a jovens e adolescentes, semelhantes às utilizadas pelas empresas de tabaco no século XX, com o objetivo de recrutar consumidores, tornando-os dependentes da nicotina.

4. Com base no exposto, afirmamos que os pro- fissionais de saúde não devem recomendar o uso deste tipo de dispositivo em nenhuma situação.

5. Nos fumadores com grandes dificuldades para cessar o tabagismo, ou naqueles em que os tratamentos padronizados falharam, recomendamos o aconselhamento psicológico intensivo, associado à prescrição de tratamento farmacológico (terapêutica de substituição com nicotina, bupropiona ou vareniclina) em doses elevadas, por um longo período e em associação.

6. Diferentes estudos demonstraram que os DEFN permitem a inalação de outras substâncias (cocaína, drogas sintéticas, cannabis, entre outros) que, além do poder aditivo, acrescentam novas toxicidades potenciais podendo afetar adversamente o sistema respiratório.

7. A saúde respiratória necessita de ar limpo. A inalação direta, ou em segunda via, de fumo e/ou aerossóis gerados pelos DEFN, ou outros dispositivos, representa uma ameaça à saúde respiratória. Todas as estruturas do sistema respiratório são organizadas para a inalação do ar limpo e oxigenado, sem o qual a vida não seria possível.

8. As sociedades de profissionais comprometidas com a respiração saudável alertam a população em geral para evitar o uso de qualquer tipo de dispositivo que facilite a inalação de substâncias estranhas, cuja segurança não tenha sido comprovada cientificamente.

A declaração envolve a Asociación Argentina de Medicina Respiratoria (AAMR), Asociación Latino Americana de Tórax (ALAT), Asociación Colombiana de Neumología y Cirugía de Tórax ( ASONEUMOCITO), European Respiratory Society (ERS), Federación Centroamericana y del Caribe de Neumología y Cirugía de Tórax ( FCCCNCT), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedad Chilena de Enfermedades Respiratorias (SER), Sociedad Española de Neumología y Cirugía Torácica (SEPAR), Sociedad Mexicana de Neumología y Cirugía de Tórax, A.C. ( SMNyCT), Sociedad Paraguaya de Neumología (SPN) e Sociedade Portuguesa de Pneumologia.