Doentes de síndrome de dor regional complexa menosprezados

Síndrome de dor regional complexa não está a ser devidamente diagnosticada. Os doentes são menosprezados pelo sistema de saúde e pela sociedade, que não compreende a doença. A falta de acompanhamento médico precoce agudiza a doença.

Doentes de síndrome de dor regional complexa menosprezados
Doentes de síndrome de dor regional complexa menosprezados. Foto: © TV Europa

A síndrome de dor regional complexa (SDRC) é uma condição dolorosa constante e incapacitante que afeta as extremidades dos membros superiores e inferiores. Os doentes que sofrem da doença têm uma elevada taxa de abandono laboral e isolamento social.

As queixas dos doentes são, em muitos casos, minimizadas pelos médicos o que conduz a que a doença não seja diagnosticada ou o seja tardiamente. Mesmo quando a doença já evoluiu para níveis mais avançados, os doentes são em muitos casos menosprezados, indica comunicado do Hospital Lusíadas.

“Na maioria das vezes não são identificados quaisquer sinais indicativos da doença e os exames realizados também não detetam o problema”, refere Luís Frederico Braga, ortopedista do Hospital Lusíadas, citado em comunicado. O especialista refere ainda que a SDRC “é uma das piores dores que se pode sentir e, devido ao seu caráter permanente, acaba por fazer com que as pessoas abandonem o local de trabalho e comecem a isolar-se, até das pessoas mais próximas”.

Mas os doentes sofrem também com a atitude das pessoas que os rodeiam dado que, como refere Luís Frederico Braga, “a sociedade não reconhece nem compreende uma dor que não está ‘à vista’. Mais facilmente se pensa que pessoa está com problemas psicológicos ou a mentir”.

A SDRC é uma doença rara que se carateriza por “dor neuropática, uma sensação dolorosa que está associada a doenças que afetam os nervos periféricos, medula espinhal ou cérebro”. Uma doença para a qual a medicina não possui “qualquer abordagem terapêutica, dado a escassez de meios de tratamento considerados eficazes”, indicou a reumatologista Filipa Teixeira, na sua comunicação ao ‘39º European Symposium on Calcifield Tissues’, em maio de 2012, em Estocolmo.

“Em alguns casos, a doença manifesta-se através de um inchaço e vermelhidão na zona dorida que provoca uma sensação de ardor, tal como acontece com uma queimadura. A ocorrência desta doença também pode estar relacionada com uma fratura que ocorreu anteriormente ou ser causada por um traumatismo local, mesmo sem haver fratura”, esclarece Luís Frederico Braga.

Não é conhecido o número de doentes de SDRC em Portugal, mas o especialista do Hospital Lusíadas considera que “há muitos portugueses que sofrem da doença e não têm conhecimento, devido ao seu difícil diagnóstico”.

Quando a doença é diagnosticada o “tratamento tem como objetivo aliviar a dor e permitir que o doente movimente as extremidades, uma vez que a tendência é a pessoa ficar imobilizada para atenuar a dor, uma condição que pode piorar a atrofia muscular e dificultar o tratamento”.

E como referiu Filipa Teixeira, em 2012, “o reconhecimento desta entidade clínica numa fase inicial é de crucial importância, pois só com a instituição precoce do tratamento se conseguirá a redução máxima da dor e recuperação da capacidade funcional”.