O setor da energia é considerado fundamental no Mundo, e na União Europeia assume um papel crítico na competitividade económica, com implicações geopolíticas. Em Bruxelas a 10.ª Conferência da Agência Internacional de Energia reuniu especialistas, empresas e decisores políticos, num debate sobre o setor.
Nelson Lage, Presidente da ADENE – Agência para a Energia, defendeu que a eficiência energética deve ser encarada como um ativo estratégico na estabilidade das redes elétricas, especialmente num contexto de crescente eletrificação e integração de energias renováveis, na sua intervenção na sessão “Efficiency Meets the Grid”, que foi dedicada ao papel da eficiência energética e da flexibilidade da procura na competitividade industrial e na resiliência das redes elétricas.
“Eficiência e redes não são forças concorrentes. São forças complementares. Juntas, formam a resposta inteligente à crescente complexidade dos sistemas energéticos”, defendeu Nelson Lage.
Para o Presidente da ADENE é necessário modernizar e tornar as redes mais resilientes face à volatilidade dos mercados e ao aumento da procura. Os parques industriais e os clusters empresariais podem desempenhar podem desempenhar um papel importante ao evoluírem de consumidores passivos de eletricidade para produtores ativos e estabilizadores da rede, tal como o SGCIE – Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia, que em Portugal obriga os grandes consumidores a implementar planos de eficiência.
Na intervenção em Bruxelas, Nelson Lage sublinhou o impacto das renováveis em Portugal, referindo que “mais de 81% da eletricidade consumida nos primeiros cinco meses de 2025 teve origem em fontes renováveis, mesmo sendo um país periférico da rede elétrica europeia”.
Mas para o responsável da ADENE há a necessidade de uma convergência entre políticas públicas, financiamento acessível e capacitação técnica para garantir uma transição energética justa e resiliente, e lembrou: “A eficiência energética é a nossa primeira linha de defesa contra a instabilidade das redes, mas sem pessoas qualificadas e literacia energética, nenhuma tecnologia será suficiente”.