Fátima: Cardeal chinês lembra desejo de um mundo mais justo e unido

Na homilia da Missa da Peregrinação, em Fátima, o Cardeal John Tong referiu que Jesus Cristo “nos impele na procura da liberdade, da dignidade, da justiça, da responsabilidade” e fortalece o “desejo de construir um mundo mais justo e mais unido.”

Fátima: Cardeal chinês lembra desejo de um mundo mais justo e unido
Fátima: Cardeal chinês lembra desejo de um mundo mais justo e unido. Foto: Rosa Pinto

Na homilia da Missa da Peregrinação, em Fátima, o Cardeal John Tong, Bispo Emérito de Hong Kong e presidente da peregrinação Internacional de maio, lembrou: “A Palavra de Deus, hoje, convida-nos a irmos para além do acontecimento da Ascensão, descrita em termos de tempo e de espaço: ela indica a conclusão de uma etapa da história da salvação e o início de uma outra.”

A missão da igreja continuar a ser a pregação de Cristo e a anunciar o Reino de Deus e de dar testemunho do Senhor, mas lembrou que “os anjos, depois da Ascensão do Senhor Ressuscitado, convidam os apóstolos a não se alongarem a olhar para o céu: o acontecimento que testemunharam não lhes diz respeito apenas a eles”, mas o “início do movimento dinâmico universal, ‘salvífico’ e ‘missionário’ que será animado pelo Espírito Santo.”

O cardeal lembrou que “a primeira leitura diz: ‘Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo’.”

Jesus, com o Seu Espírito, forma em nós uma nova humanidade. Ele próprio nos impele na procura da liberdade, da dignidade, da justiça, da responsabilidade, ou melhor, fortalece o nosso próprio desejo de construir um mundo mais justo e mais unido.

O presidente da peregrinação internacional lembrou: “Uma nova realidade manifesta-se nos pequenos gestos que realizamos nas nossas vidas quotidianas, nas realidades terrestres e nos nossos compromissos de cada dia.”

E para uma maior compreensão indicou que “a Virgem Maria deu-nos o primeiro exemplo quando, logo depois da Anunciação, se apressou a auxiliar a sua prima Isabel, que estava grávida, e em Caná foi a primeira a aperceber-se da dificuldade dos esposos devido à falta de vinho, tendo apelado a Jesus para intervir.”

John Tong indicou que um exemplo que teve um impacto decisivo na sua vida quando em criança vivia em Cantão, logo depois do final da Segunda Guerra, e assistiu aos serviços caritativos dos missionários estrangeiros. A ação do “espírito missionário e caritativo suscitou em mim o desejo de os imitar: fizeram nascer em mim a vocação sacerdotal e decidi entrar para o seminário em Macau, pouco antes da minha família se refugiar em Hong Kong.”

O Cardeal incentivou os católicos a agir citando o Concílio Vaticano II, ou seja, “A expectativa da nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes ativar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra”. Pelo que “com o nosso modo de viver e o nosso exemplo devemos fazer com que Cristo seja visível hoje na nossa sociedade.”

O Cardeal fez um apelo aos peregrinos referindo: “Como a Virgem Maria, devemos acolher o Espírito Santo e deixá-Lo agir em nós: ajudar-nos-á, assim, a levar Cristo ao mundo e o mundo a Cristo. Tornar-nos-á abertos e atentos às necessidades dos outros e a partilharmos o tesouro e a alegria da nossa fé.”