i c o n, na Fundação Calouste Gulbenkian

i c o n, uma ópera do século XXI sob o signo de Andy Warhol, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, dias 12 e 13 de abril, às 21h00. A ópera i c o n é um misto de sessão fotográfica, set de rodagem e concerto.

i c o n, na Fundação Calouste Gulbenkian
i c o n, na Fundação Calouste Gulbenkian. Foto: © Atelier Bildraum - Kurt Van Der Elst

Nos dias 12 e 13 de abril, o coletivo Atelier Bildraum apresenta i c o n, criação que parte da mítica imagem de L’Inconnue de La Seine, uma jovem mulher desconhecida que terá perdido a vida ao afogar-se no rio Sena. O misterioso sorriso da sua “máscara de morte” intrigou artistas, compositores, filósofos e escritores desde o final do século XIX até aos nossos dias, iniciando assim uma narrativa universal sobre a beleza, a efemeridade da existência e a morte.

A ópera i c o n é um misto de sessão fotográfica, set de rodagem e concerto ao longo do qual fotografia e vídeo são captados e projetados em direto como forma de perspetivar a relação com o retrato em pleno século XXI. À semelhança do que acontecia na Fábrica de Andy Warhol, que serve de inspiração à cenografia, esbatem-se as barreiras entre artista e espectador.

Nas palavras do coletivo Atelier Bildraum, “o ícone torna-se público, o modelo torna-se fotógrafo, o homem torna-se mulher e a vítima o agressor”. Esta ideia também está presente no libreto da autoria de Sabryna Pierre que relata como a mulher afogada no rio Sena chega ao reino dos mortos e o que lhe acontece a partir daí, tornando-se um ícone para os vivos. O papel é desempenhado pela soprano Lieselot De Wilde que contracena com o ator Tibo Vandenborre, personificação da morte e, simultaneamente, do fotógrafo.

Também aqui o coletivo regressa a Andy Warhol, num jogo entre fotografar e ser fotografado e admitindo a inspiração na atriz e cantora Nico (anagrama da palavra Icon), que o pintor e cineasta juntou à banda norte-americana Velvet Underground. Esta inspiração é visual, não se refletindo necessariamente na música da autoria do compositor e pianista belga Frederik Neyrick, cuja beleza dramática, quase expressionista, acaba por se afastar desse rock dos anos 60.

i c o n é uma coprodução Fundação Calouste Gulbenkian, Asko | Schönberg Amsterdam, Théâtres de la Ville de Luxembourg, Vooruit Ghent, Snape Maltings Aldeburgh, kunstencentrum BUDA Kortrijk/NEXT festival international.