Incêndios rurais sem vítimas civis nos últimos 5 anos

Incêndios rurais não provocaram vítimas civis nos últimos cinco anos. O fogo posto também diminuiu devido à vigilância, proteção e prevenção. Em 2022, foram investidos 324 milhões de euros na prevenção e 205 milhões de euros no combate.

Incêndios rurais sem vítimas civis nos últimos 5 anos
Incêndios rurais sem vítimas civis nos últimos 5 anos. Foto: Rosa Pinto

O Relatório do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) 2022 mostra que, até 2022 e por cinco anos consecutivos, não foi registada nenhuma vítima civil devido a incêndio rural. No entanto, verificaram-se duas vítimas de operacionais e duas pessoas que perderam a vida em queimas/queimadas que elas próprias iniciaram.

Para Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), a diminuição do uso de fogo nos meses de verão em 50%, bem como ação de fogo posto também diminuiu pela vigilância, proteção e prevenção.

Em 2022, o país gastou 529 milhões de euros a prevenir e a combater os incêndios rurais. Do total, 324 milhões foram alocados à prevenção e 205 milhões ao combate. O primeiro ano em que foi investido mais em prevenção em comparação com o investimento no combate.

No relatório consta que existiu uma redução do número de incêndios com mais de 500 hectares nos últimos 5 anos, tendo a média histórica da área ardida sido reduzida para 1/3. Do total de incêndios foi possível determinar a causa em 61% dos casos, com mais de metade das causas associadas ao uso indevido do fogo.

Relativamente ao Plano Nacional de Ação (PNA), Tiago Oliveira realçou que até ao final de 2022, 86% dos projetos inscritos estavam em curso, o que correspondeu a 84 de 97. O grau de execução dos projetos encontra-se nos 38% e foram atingidas 35% das metas definidas para 2022.

Para o presidente da AGIF “o caminho está a ser feito, mas precisa de ser acelerado. O objetivo é que o país não arda como em 2017, nem que se repita a perda de vidas”. As populações precisam de melhorar ainda mais os seus comportamentos, reduzindo a vegetação em torno das suas habitações, “manter o sentido de urgência e manter a aposta na prevenção”, concluiu o responsável da AGIF.

Um dos conselhos no relatório é a necessidade de reforçar a utilização de “fogo bom” através do Plano Nacional de Fogo Controlado, do Mecanismo de Apoio às Queimadas (MARQ), de processos mais simplificados para pedidos de apoio à realização de queimadas, entre outras medidas, assim como promover melhorias com impacto na governança do recurso florestal e na definição de estímulos económicos e fiscais que mobilizem proprietários e empresas para a gestão sustentável.

Outros alertas passam por aumentar a escala da execução dos programas e envolver e mobilizar os privados, os proprietários e o próprio Estado; qualificar os lugares-chave na tomada de decisão, quer na prevenção quer no comando operacional da supressão; apostar na redução do incendiarismo e sensibilizar os mais novos.

O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, General Duarte da Costa, afirmou, citado em nota da AGIF que os meios estão preparados com o previsto para este ano. Contudo, o General Duarte da Costa alerta que este poderá ser um verão “muito perigoso”, apelando para que todos cumpram as regras. “A diminuição do uso negligente do fogo é uma grande ajuda para este Sistema”.

Também, Nuno Banza, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, sublinhou que há muito trabalho de prevenção feito atualmente em Portugal, referindo: “Investimos 15 milhões de euros em maquinaria, para abrir e regularizar caminhos e para limpeza do mato”, e acrescentou que “o esforço que o país faz hoje em termos de preparação, de gestão do território, não é comparável ao que era feito antes de existir o SGIFR”.