Investigação em Doença de Alzheimer ganha Prémio Janssen Inovação

Trabalhos de Investigação nos domínios da Doença de Alzheimer, Doença Machado-Joseph e Tuberculose foram distinguidos na primeira edição dos Prémio Janssen Inovação. Na sessão da entrega dos prémios esteve presente o Ministro Manuel Heitor.

Investigação em Doença de Alzheimer ganha Prémio Janssen Inovação
Investigação em Doença de Alzheimer ganha Prémio Janssen Inovação. Foto: © DR

Equipa de investigação do Laboratório Associado da Universidade do Minho ICVS/3Bs, de que fizeram parte os investigadores Ana Sofia Lopes, João Silva, Chrysoula Dioli, Mónica Morais e Vítor Pinto, e liderada pelo investigador Ionnis Sotiropoulos, foi distinguida com o primeiro Prémio Janssen Inovação, no valor de 30 mil euros, pelo trabalho da área de Neurociências “Tau therapeutics in stress-evoked brain pathology: exploring the path from depression to Alzheimer´s disease”.

Este trabalho caracteriza a forma como o stress crónico instiga a patologia cerebral, identificando a proteína Tau como um modelador importante na disfunção emocional e cognitiva induzida pelo stress, e foi reconhecido por dar um passo importante para a identificação dos mecanismos subjacentes à fisiopatologia da Doença de Alzheimer.

O segundo Prémio Janssen Inovação, no valor de 20 mil euros, distinguiu o projeto de investigação na área das Neurociências “Novel therapeutic approach to alleviate neuropathology and motor deficits in Machado–Joseph disease mouse models: molecular and pharmacological activation of SIRT1 pathway”, de uma equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.

O trabalho premiado poderá constituir a base do primeiro medicamento relevante para tratar ou, pelo menos, atrasar a progressão da Doença de Machado-Joseph, e foi desenvolvido pelos investigadores Janete Cunha-Santos, Joana Duarte-Neves, Vitor Carmona e Luís Pereira de Almeida, liderados pela investigadora Cláudia Cavadas. Os investigadores mostram, pela primeira vez, em modelos animais, que a restrição calórica pela ativação da SIRT1 atrasa a progressão da doença de Machado-Joseph.

O trabalho na área da Infecciologia, “Role of Cathepsins in Mycobacterium tuberculosis Survival in Human Macrophages”, da autoria da investigadora Elsa Anes, e no qual participaram os investigadores David Pires e Nuno Carmo do iMed da Universidade de Lisboa, foi reconhecido com o terceiro Prémio Janssen Inovação, com o valor de 10 mil euros.

Os investigadores descobriram bases de desenvolvimento da Tuberculose que poderão vir a ser usadas como futuras estratégias terapêuticas, num momento em que as resistências a antibióticos causam cada vez maior preocupação a nível mundial. A equipa verificou que o bacilo da Tuberculose é um agente patogénico que sobrevive no hospedeiro em macrófagos, células desenhadas para matar e controlar infeções. Uma das razões dessa sobrevivência, descobriram os investigadores, baseia-se na manipulação de catepsinas do hospedeiro e que a reversão disso poderá contribuir para terapias alternativas aos antibióticos.

Para além dos três Prémios foram ainda distinguidos com menções honrosas os seguintes trabalhos:

  • Na área das Doenças Metabólicas, o trabalho “Aliskiren as a new therapeutic approach for the treatment of diabetic retinopathy”, da autoria dos investigadores Sónia Simão, Daniela Santos e Gabriela Silva, do Centre for Biomedical Research (CBMR), da Universidade do Algarve, CEDOC, da NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade Nova de Lisboa.
    No estudo os investigadores demonstram que o aliscireno inibe com sucesso o RAS (um gene humano que pode sofrer uma mutação responsável por um tipo de cancro) nas células RPE (células epiteliais da retina). Descrevem em pormenor o modo de ação do aliscireno nas células RPE e verificam que este fármaco tem propriedades antioxidantes e antiangiogénicas. Estas novas características do aliscireno sugerem que este fármaco tem potencial para ser utilizado na conceção de novas abordagens para o tratamento da retinopatia diabética.
  • Na área da Imunologia, o trabalho “Reuma.pt contribution to the knowledge of immune-mediated systemic rheumatic diseases” coordenado pelo Board of Reuma.pt da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.
    O Reuma.pt é um instrumento inovador, amplamente implantado no país, que contribui para uma prática clínica de excelência e simultaneamente para aumentar o conhecimento das doenças reumáticas sistémicas imuno-mediadas. O Reuma.pt permite ainda envolver de forma pró-ativa os doentes na gestão da sua doença.
  • Ainda na área da Imunologia, o trabalho “Globotriaosylceramide, the main lipid stored in Fabry disease, inhibits invariant Natural Killer T cell activation”, da autoria das investigadoras Cátia Pereira e Fátima Macedo, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC).
    Este estudo descreve alterações fenotípicas e funcionais nas células iNKT dos doentes Fabry e identifica o glicosfingolipido Gb3 como um inibidor da ativação das células iNKT. Integrando estas duas descobertas, foi dado um passo para a compreensão do mecanismo responsável pelas alterações nas células iNKT nestes doentes e foi revelado um novo mecanismo de regulação celular da atividade das células iNKT (as células iNKT têm sido implicadas na modulação de diferentes patologias, incluindo na asma alérgica e na esclerose múltipla).
  • Na área da Hemato-Oncologia o trabalho, “Methodology for Single Nucleotide Polymorphism Selection in Promoter Regions for Clinical Use. An example of its applicability”, dos investigadores Herlander Marques, José Freitas, Rui Medeiros, Adhemar Longatto-Filho, do ICVS/3Bs, da Universidade do Minho; Departamento de Oncologia da Hospital de Braga; NOVA Medical School/ Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa; Grupo de Oncologia Molecular & Patologia Viral do IPO Porto e Laboratório de Investigação Médica, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
    Ao estudar variantes genéticas em pacientes com linfomas não-Hodgkin foi possível desenvolver uma metodologia de seleção de SNPs nas regiões promotoras de genes humanos, comparando os padrões de afinidade dos fatores de transcrição que se ligavam às sequências nucleotídicas.

O Prémio Janssen Inovação criado pela Janssen Portugal, companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, tem com objetivo distinguir e premiar a investigação científica de excelência desenvolvida por instituições nacionais nas áreas de Doenças Metabólicas, Hemato-Oncologia, Imunologia, Infecciologia e Neurociências.