Investigadores de Coimbra podem revolucionar Saúde Oral

Equipa de investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveu a tecnologia Biolocker que impede a cárie e outras patologias dentárias. A tecnologia baseada numa molécula orgânica natural pode fazer parte de pastas dentífricas, elixires, fio dental ou pastilhas elásticas.

Investigadores de Coimbra podem revolucionar Saúde Oral
Investigadores de Coimbra podem revolucionar Saúde Oral. Investigadores: Sérgio Matos_Filipe Antunes e Daniel Abegão. Foto: DR

Uma nova tecnologia baseada numa molécula orgânica natural impede a formação de placa bacteriana, a principal responsável pelo surgimento de cárie e de outras patologias dentárias. Esta tecnologia designada por Biolocker foi desenvolvida por uma equipa de investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia, e de Medicina, da Universidade de Coimbra (UC).

De acordo com os investigadores a tecnologia Biolocker deverá estar disponível no mercado dentro de dois anos. A Biolocker vai representar “uma mudança de paradigma na higiene oral, prevenindo a formação precoce da placa bacteriana, sem efeitos antimicrobianos, ao contrário das soluções de cuidados orais clássicas.”

Os investigadores indicaram que “os tradicionais antisséticos são de largo espectro e, por isso, recorrem a uma estratégia de ‘terra queimada’, eliminando as boas e as más bactérias, o que pode danificar a flora oral residente, que é extremamente benéfica para a saúde geral do organismo.”

A nova tecnologia que está em processo de registo de patente internacional tem como principal inovação a “anti-placa”, ou seja, “a capacidade de bloquear as principais interações bacterianas que ocorrem após a ingestão de alimentos, ou seja, impossibilita a ação das bactérias que lideram o processo de formação da placa bacteriana, as designadas colonizadoras iniciais” esclareceram os investigadores envolvidos no projeto Daniel Abegão, Filipe Antunes e Sérgio Matos, citados em comunicado da UC.

Os investigadores esclareceram ainda que como as bactérias colonizadoras que são do género streptococcus “funcionam como alicerce, e ao retirar a âncora impedimos que todas as bactérias a jusante se possam fixar”. Ou seja, a tecnologia funciona como uma espécie de revestimento antiaderente, impedindo que as bactérias se agarrem ao esmalte dentário e formem a placa bacteriana.

Este novo método “garante proteção por muito mais tempo, durante todo o dia, complementando a eficácia da escovagem, suplantando as limitações dos atuais produtos de higiene oral”, indicaram os investigadores.

Para Sérgio Matos, médico dentista e professor da Faculdade de Medicina da UC “a grande mais-valia da biolocker é a contribuição “extraordinária” para a prevenção de problemas dentários “permitindo que, através de uma tecnologia massificada e barata, a população passe a ter acesso a uma melhor higiene oral.”

Sérgio Matos indicou que “em Portugal, a saúde oral é maioritariamente proporcionada por cuidados privados e, consequentemente, muito onerosos. A maneira mais eficaz de podermos combater todas as patologias da cavidade oral é através da prevenção, reduzindo custos com tratamentos.”

“A cárie e as doenças gengivais são as patologias infeciosas mais prevalentes no mundo”, pelo que “o desenvolvimento de ferramentas preventivas é essencial” acrescentou o médico dentista. Neste caso da tecnologia biolocker é esta poder “ser incorporada em pastas dentífricas, elixires, fio dental ou até pastilhas elásticas”, indicou Daniel Abegão e Filipe Antunes.

O projeto de desenvolvimento da biolocker teve também a colaboração do I3S da Universidade do Porto e foi o vencedor português da 3ª edição do Programa Caixa Impulse, no valor de 70 mil euros.