Mortes por tuberculose aumentam na Europa e em Portugal

Especialistas da Sociedade Portuguesa de Pneumologia alertam que, pela primeira vez em 20 anos, as mortes por tuberculose estão a aumentar na Europa e em Portugal. Atraso no diagnóstico e dificuldades no acesso a cuidados de saúde estão a aumentar riscos da doença.

Mortes por tuberculose aumentam na Europa e em Portugal
Mortes por tuberculose aumentam na Europa e em Portugal

Pela primeira vez em 20 anos, o número de mortes na Europa por tuberculose está a aumentar. Os dados são de um relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças e da Organização Mundial da Saúde, divulgados em 24 de março de 2022.

No âmbito do Dia Mundial da Tuberculose, a Comissão de Trabalho de Tuberculose da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) referiu, em comunicado, que os dados de 2020 são preocupantes mas que devem, no entanto, ser contextualizados e interpretados.

Para as especialistas, Conceição Gomes e Joana Carvalho, o atraso no diagnóstico, motivado, em grande parte, pela demora na procura de cuidados de saúde pelos utentes durante a pandemia e pela maior dificuldade no acesso aos mesmos, o que condiciona formas mais graves de doença na altura do diagnóstico e por outro lado, a tuberculose pode infetar qualquer pessoa, mas principalmente os mais vulneráveis, com múltiplas comorbilidades (DPOC, diabetes, neoplasia, VIH, entre outras) e extremos das faixas etárias, que apresentam maior risco de doença grave, são um contexto para avaliar os novos números.

Dados sobre Portugal, relativos ao ano 2020 e constantes do relatório de vigilância e monitorização da tuberculose da DGS, também mostra que se verificou um incremento da mortalidade de 8%, com 94 casos e que no ano 2019 a mortalidade foi de 7%.

A Comissão da SPP refere que totalidade dos doentes em que ocorreu o óbito apresentavam fatores de risco ou comorbilidades e que é importante salientar “um aumento no atraso do diagnóstico de tuberculose em Portugal”. Um atraso que é “atualmente nos 80 dias”.

“Este atraso condiciona não só formas de apresentação da doença mais graves na altura do diagnóstico e, portanto, com mais sequelas, como uma maior disseminação da doença na comunidade”, concluem as especialistas da SPP.