Mulheres sem acesso a rastreio às principais doenças

Em Portugal 88% das mulheres não fez nenhum rastreio a doenças sexualmente transmissíveis, 64,5% não fez rastreio a qualquer tipo de cancro e apenas 46,2% fez um exame à diabetes, mostra Índice Mundial da Saúde das Mulheres.

Mulheres sem acesso a rastreio às principais doenças
Mulheres sem acesso a rastreio às principais doenças

Cerca de 1,5 mil milhões de mulheres em todo o mundo afirmam não terem sido testadas, ao longo do último ano, para nenhuma das doenças que mais as afetam, como o cancro, a diabetes, a pressão arterial ou as infeções sexualmente transmissíveis.

Os dados são do primeiro Índice Mundial da Saúde das Mulheres (Global Women’s Health Index). O estudo retrata a saúde de aproximadamente 2,5 mil milhões de mulheres e raparigas em todo o mundo e mostra que as suas necessidades de saúde não estão a ser satisfeitas.

Em Portugal, o estudo mostra a percentagem de mulheres que realizam exames preventivos é baixa. As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são as menos monitorizadas, com 88% das mulheres a afirmarem nunca ter feito um exame para este tipo de infeções nos últimos 12 meses. Segue-se o cancro, com 64,5% das mulheres a afirmarem nunca ter realizado qualquer tipo de exame preventivo, e, para despiste à diabetes apenas 46,2% fizeram análises.

O Índice Mundial da Saúde das Mulheres é uma iniciativa da Hologic desenvolvido em parceria com a Gallup, uma empresa de pesquisa de opinião. O Índice identifica cinco dimensões da saúde da mulher que contribuem em 80% para a sua esperança média de vida: Cuidados Preventivos, Perceções de Saúde e Segurança, Saúde Emocional, Saúde Individual e Necessidades.

O estudo mostra que neste primeiro ano, nenhum país conseguiu obter mais de 69 pontos, numa pontuação global do Índice de 54, numa escala até 100. A maior parte dos países que lideram o Índice são também os que mais investem nos seus sistemas de saúde. Portugal encontra-se na 16ª posição do Índice, com 62 pontos.

“Os Cuidados Preventivas são um primeiro passo vital para combater doenças e infeções que afetam a esperança de vida e a fertilidade das mulheres”, referiu Susan Harvey, médica, vice-presidente de Global Medical Affairs da Hologic.

“Falhar em garantir que as mulheres façam exames de rotina para o cancro, doenças e infeções sexualmente transmissíveis e doenças cardiometabólicas pode criar complicações maiores que, se fossem monitorizadas ou tratadas precocemente, poderiam ser evitáveis”, concluiu a médica.

Vipula Gandhi, Senior Managing Partner na Gallup, esclareceu: “A pandemia COVID-19 não só agravou como chamou a atenção a lacunas de longo prazo no acesso e na qualidade dos cuidados de saúde”.

“O Índice oferece um ponto de partida para a avaliação do estado da saúde das mulheres. Esperamos que este estudo sirva como uma call to action para líderes e decisores de políticas de todo o mundo, porque são eles quem guia a recuperação global”, acrescentou a especialista.

Uma abordagem holística da Saúde da Mulher

No geral, em 2020 as pessoas de todo o mundo sentiram-se pior desde os últimos 15 anos. Experiências de preocupação, stresse, tristeza e raiva continuaram a crescer e a estabelecer novos recordes. Cerca de quatro, em cada dez mulheres, ou 40%, dizem que sentiram preocupação e stresse foram 38% ao longo do dia anterior à realização da entrevista.

Muitas mulheres inquiridas também se mostraram preocupadas em relação à sua segurança e à capacidade de satisfazer necessidades básicas como comida e abrigo.

Desenvolvido em parceria com a empresa líder em consultoria Gallup, o Índice Mundial da Saúde das Mulheres é um exame profundo e sem precedentes de fatores críticos para a saúde da mulher, por país e território, e ao longo do tempo. Os seus resultados baseiam-se em respostas de 120.000 homens e mulheres, em 116 países e territórios, em mais de 140 línguas. Conduzido como parte da Gallup World Poll, o Índice Mundial da Saúde das Mulheres representa os sentimentos e ações de aproximadamente 2,5 mil milhões de mulheres e raparigas.