Neurologistas debatem efeitos do Zika, em Lisboa

Congresso de neurologia debate, em Lisboa, os principais desafios que se colocam à neurologia. O Zika é uma das questões de saúde pública em debate, bem como as doenças neurodegenerativas.

Neurologistas debatem efeitos do Zika, em Lisboa
Neurologistas debatem efeitos do Zika, em Lisboa. Foto: © DR

Especialistas em neurologia reúnem-se em Congresso Nacional, em Lisboa, de 23 a 26 de novembro. Um congresso subordinado ao tema ‘Neurologia e a Sociedade’, que irá levar a uma especial atenção à perspetiva dos próprios doentes que estão representados através da participação de várias associações.

Os especialistas consideram que Portugal, apesar de todos os constrangimentos financeiros que tem vivido, está na linha da frente da neurologia, onde os doentes têm acesso aos melhores tratamentos e a profissionais especializados.

Vítor Oliveira, doutorado em neurologia e presidente do congresso, indica, citado em comunicado, que em 2016 o congresso vai debater em especial “a relação da neurologia com a sociedade em que está envolvida: instituições hospitalares, estruturas oficiais, estruturas de apoio, associações de doentes, os diversos mecanismos oficiais que se articulam com os doentes neurológicos e também com os profissionais da Neurologia”.

O evento servirá para abordar os grandes temas da área da neurologia e serão analisados os problemas individualizados. Vítor Oliveira indicou que “este ano, pela atualidade que vivemos, existiu a necessidade de incluir um tema novo: Neuro-Zika”.

“O Zika é uma ameaça à saúde pública e é possível que chegue a Portugal através do calor e dos mosquitos. O enfoque da neurologia neste tema está relacionado com situações recentes que se estão a descobrir”, refere o comunicado.

Sobre o Zika é ainda referido que “pode provocar alterações neurológicas em termos de nervos periféricos em indivíduos adultos. A neurologia está em alerta para esta nova realidade resultante das alterações imunitárias sobre o sistema nervoso, provocadas por infeção aguda do Zika”.

É considerado que “no caso da epilepsia existe a necessidade de centros diferenciados de referenciação, para a realização da cirurgia em casos específicos e de especial complexidade”. Mas os especialistas consideram que a nível nacional já existem “centros sofisticados que asseguram esses cuidados”.

Mas “na área da Esclerose Múltipla existe um claro problema de acesso à medicação. Os medicamentos disponíveis são extremamente dispendiosos, por isso a disponibilização dos medicamentos inovadores tem de ser realizada de uma forma rigorosa”. Com a participação das associações de doentes, vão ser também analisadas as dificuldades destes doentes.

“A doença de Parkinson será outra patologia abordada, bem como a articulação em rede com os centros de diagnóstico, e ainda novos tratamentos, como por exemplo a cirurgia de Parkinson”. A cirurgia “envolve uma equipa multidisciplinar altamente diferenciada e os hospitais têm também de ser de referência” e deverá “haver unidades espalhadas pelo país de modo a cobrir as necessidades da população”.

Na área da fisioterapia os especialistas consideram que “existe também um problema, dado que esta está limitada a um número fixo de sessões para determinadas patologias”, e “em muitos dos casos há um benefício” para o doente se o número de sessões aumentar.

Os neurologistas consideram que o número fixo de sessões de fisioterapia “é seguramente um problema que atinge um número elevado de doentes com diversas patologias em que os cuidados de Medicina Física e Reabilitação são uma necessidade imperiosa”.

O congresso de Neurologia reúne cerca de 400 especialistas e tem a participação de várias personalidades científicas de vários países, nomeadamente, Hugh Willison, da Universidade de Oxford, especialista nas complicações do Zika, Mário Siebler, especialista suíço em patologia vascular cerebral, e Joel Akri, responsável pela rede de assistência aos doentes de Alzheimer em França.

De entre os especialistas portugueses, o comunicado destaca a palestra sobre cuidados continuados pela médica Galriça Neto e o papel das associações de doentes pela Professora Maria do Céu Machado.