
O Canal dos Azulejos, um elemento icónico dos Jardins do Palácio Nacional de Queluz vai ser recuperado e voltará a ter o espelho de água que o caracterizava no século XVIII. Um projeto de recuperação da Parques de Sintra, que indica, irá aproximar os visitantes da atmosfera e das vivências da época em que a Família Real e a corte se passeavam de barco sobre as águas tranquilas (represadas por um sistema de comportas), apreciando as paisagens fantasiosas dos grandes painéis de azulejos, concebidas a partir de gravuras, representando portos de mar e paisagens variadas.
“O Canal dos Azulejos de Queluz é um testemunho vivo da arte, da engenharia e do património cultural português que importa preservar. O projeto de recuperação que estamos a levar a cabo tem uma dupla vertente: por um lado vai assegurar a salvaguarda deste notável conjunto histórico; por outro, vai recriar o ambiente do lago original e devolvê-lo à fruição dos visitantes, que, assim, poderão reviver as experiências da Família Real e da corte neste espaço”, referiu, citado em comunicado, João Sousa Rego, presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra.
O projeto de recuperação do Canal dos Azulejos é uma iniciativa complexa e multidisciplinar que envolve o recurso a várias fases e especialidades. A Parques de Sintra indicou que estão a decorrer testes e a implementação de metodologias de conservação e restauro dos revestimentos azulejares, em colaboração com o LNEC, no âmbito de um protocolo entre o Laboratório e a Parques de Sintra.
Para os especialistas é um passo essencial no processo de seleção das soluções que garantem a melhor intervenção possível, com vista à recuperação, conservação e valorização deste património cultural e artístico.
“Trata-se de uma intervenção que conjuga na perfeição os três princípios orientadores que guiam a ação da Parques de Sintra, pois valoriza o património e promove a qualidade da visita, tornando-a mais autêntica; aprofunda a ligação à comunidade científica, ao assentar numa parceria com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC); e testa soluções inovadoras e sustentáveis que preservam o património construído para as próximas gerações. Num esforço pioneiro em Portugal, a Parques de Sintra decidiu realizar intervenções-piloto no próprio local, de modo a testar e avaliar os materiais e técnicas mais adequados antes da obra final. Estes trabalhos contam com o apoio científico do LNEC e seguem as melhores práticas nacionais e europeias de conservação e restauro de azulejos em contexto exterior”, acrescentou João Sousa Rego.
Até ao momento foram concluídas as análises que permitiram caracterizar os materiais a utilizar e a Parques de Sintra indicou que durante o mês de novembro, iniciar-se-á a aplicação das metodologias para devolver a grandiosidade e o brilho originais dos painéis de azulejos.
Na fase final da intervenção será reposto o espelho de água que antigamente se estendia ao longo de todo o Canal, com a instalação de um sistema rebatível sob a ponte das comportas, possibilitando a formação de um lago temporário durante o verão. Um elemento que será desativado na época húmida, garantindo a preservação do equilíbrio natural e do correto escoamento das águas.
A Parques de Sintra descreveu que o Canal dos Azulejos, onde corre a Ribeira do Jamor, tem uma extensão de 120 metros e atravessa os jardins de Queluz, de norte para sul, constituindo a nota de maior originalidade no contexto do traçado dos jardins desta época. As paredes laterais interiores do canal estão decoradas com cerca de cinquenta mil azulejos, não incluindo os do bloco central. Em linha com o caráter lúdico do espaço, integrou no passado a Casa do Lago, também chamada Casa Chinesa ou Casa da Música.
Neste pequeno pavilhão tocavam, nas tardes de verão, os músicos de câmara da Rainha, quando o canal estava cheio e a Família Real e seus convidados ali passeavam em pequenos barcos — memórias de um cenário de sonho, que projeto irá recuperar, e trazer o encanto do passado a todos os que visitam os Jardins Históricos do Palácio Nacional de Queluz.
A Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A. (PSML), empresa de capitais exclusivamente públicos, criada em 2000, assegura a execução do projeto. Uma empresa que foi criada no seguimento da classificação pela UNESCO da Paisagem Cultural de Sintra como Património da Humanidade, e que tem vindo a fazer a recuperação e manutenção do património que gere, com suporte nas receitas de bilheteiras, lojas, cafetarias e aluguer de espaços para eventos.
Sob gestão da empresa estão o Parque e Palácio Nacional da Pena, os Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz, Chalet da Condessa d’Edla, Castelo dos Mouros, Palácio e Jardins de Monserrate, Convento dos Capuchos e Escola Portuguesa de Arte Equestre, que receberam cerca de 25 milhões de visitas, nos últimos dez anos.
São acionistas da Parques de Sintra a Direção Geral do Tesouro e Finanças (que representa o Estado), o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Sintra.
A empresa Parques de Sintra é detentora de doze World Travel Awards para Melhor Empresa do Mundo em Conservação, que venceu consecutivamente entre 2013 e 2024.













