Open House Lisboa 2023 explora as diferentes vidas dos edifícios

Do vazio à ruína, o Open House Lisboa decorre, em 2023, nos dias 13 e 14 de maio, sob o tema “Matérias do Tempo”. Visitas a espaços, passeios na cidade acompanhados por especialistas e visitas sensoriais acessíveis e outras atividades.

Open House Lisboa 2023 explora as diferentes vidas dos edifícios
Open House Lisboa 2023 explora as diferentes vidas dos edifícios. Foto: © Rosa Pinto

O evento Open House Lisboa tem a sua edição de 2023 agendada para o fim-de-semana 13 e 14 de maio. Do programa fazem parte 73 espaços abertos ao público, 1 passeio sonoro pela voz de Anabela Mota Ribeiro, 4 percursos urbanos, entre muitas outras atividades.

Com o tema “Matérias do Tempo”, o Open House Lisboa propõe um olhar para as arquiteturas que nos rodeiam enquanto entidades vivas, com um antes e depois, refletindo as diferentes fases de vida dos edifícios: o vazio, a fase de construção, o edifício habitado e a ruína.

Entre o vazio urbano, encontramos o Quarteirão de Entrecampos ou o Vale de Alcântara, nos espaços em construção estão as Residências Universitárias da Universidade de Lisboa com horário alargado, ou o Hub Criativo do Beato – Oficinas de Manutenção Militar, as ruínas, visíveis encontramos no Núcleo Arqueológico do Castelo de São Jorge e no Teatro Romano. Os edifícios inclui palácios, espaços de culto, ateliers, escolas e casas particulares, entre outros.

A proposta de 2023 leva o Open House a atravessar o tempo da arquitetura abrindo portas a uma releitura do que é hoje Lisboa enquanto organismo vivo em constante mutação.

A seleção de espaços parte de uma proposta temática do atelier lisboeta Embaixada, liderado por Cristina de Mendonça, Nuno Griff e Paulo Albuquerque Goinhas, indicam: “Não existe maior sustentabilidade do que a renovação cíclica do uso que damos à arquitetura que habitamos coletivamente ao longo de séculos. Esta generosa cadeia de gerações transforma, repara e amplia, acrescentando aos lugares novas camadas de tempo e materiais. Bairro a bairro, rua a rua, cada parte contribui para um corpo em constante mutação a que chamamos cidade.”

José Mateus, Presidente da Trienal de Arquitetura de Lisboa, acrescenta, citado em comunicado da apresentação do Open House: “Os edifícios, tal como as cidades, são feitos da sobreposição de inúmeras camadas temporais, de diferentes matérias e de memórias que se vão acumulando. Paradoxalmente, é precisamente nessa densidade, que assim nos escapa, que reside um dos maiores fascínios da arquitetura.

O Open House lembra que “há edifícios que são construídos sobre outros, dando mais tarde lugar a outras realidades, como num continuum, num fluxo de transformação sem aparente fim”.

Nesta edição, o Atelier Embaixada “propõe-nos um seu olhar sobre Lisboa, onde essa densidade e complexidade temporais são o foco da experiência e do processo de descoberta e compreensão da cidade, e das partes que a compõem.”

Em parceria com a Noite Europeia dos Museus, o programa apresenta ainda um circuito noturno que tem lugar no sábado 13 de maio, com passagem pelo Palácio Nacional da Ajuda, Museu Nacional dos Coches, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Museu do Traje, Lx Factory, Largo Residências – Quartel de Santa Bárbara. Espaços que estarão abertos ao público até às 23h00.

Programa de passeios na cidade

Além de visitas a espaços, que podem ser livres ou acompanhadas por especialistas ou por voluntariado, o Open House lança um novo passeio sonoro “O Movimento Parado do Jardim das Amoreiras”, por Anabela Mota Ribeiro. Um passeio que nos revela as figuras que habitam uma das praças mais emblemáticas de Lisboa, levando a nossa imaginação até ao mundo interior da jornalista e autora.

Do programa fazem parte 4 os percursos urbanos que na companhia de especialistas dão a descobrir, a pé, diferentes zonas da capital.

14 de maio, domingo às 17h00, o artista Robert Panda apresenta Sinergia, percurso que revela a arte urbana presente no bairro de Marvila, com arranque marcado na Underdogs Gallery e chegada no Parque Infantil do Prata Riverside.

13 de maio, sábado, às 16h00, o cenógrafo José Manuel Castanheira propõe pelo meio das paredes esquecidas, uma deambulação pessoal no bairro da Ajuda, com início no Palácio Nacional e fim na Galeria Lagoa Henriques.

14 de maio, domingo, às 10h00. Vazio: Identidade e Representação é o percurso urbano criado pela arquiteta paisagista Cláudia Taborda que explora a zona ribeirinha, refletindo sobre a manifestação e legibilidade de poder representado independentemente da escala, tipologia, ou forma espacial.

13 de maio, sábado, às 11h00, a artista Gabriela Albergaria apresenta Construção de Memória, atravessando a cidade do Museu Gulbenkian até à Igreja de São Domingos, revelando a história mutante da capital portuguesa.

Atividades e acessibilidade

O programa oferece duas visitas sensoriais, adaptadas a pessoas cegas ou com baixa visão ou com deficiência cognitiva:

13 de maio, sábado, às 15h00, no Atelier-Museu Júlio Pomar

14 de maio, domingo, às 15h00, no Observatório de Lisboa.

14 de maio, domingo, às 11h00, uma visita, com intérprete em língua gestual portuguesa (LGP) para pessoas surdas no Observatório Astronómico de Lisboa que funciona desde 1867.

Fazem ainda parte da programação da 12.ª edição do Open House Lisboa eventos Plus, com exposições, visitas comentadas, conversas e uma maratona fotográfica, e actividades Júnior para fazer em família.

No âmbito do projeto de cooperação Open House Europe da Europa Criativa é aberto um programa internacional de intercâmbio de voluntariado, recebendo/enviando 5 pessoas do voluntariado de cinco cidades europeias (Bilbao, Brno, Essen, Dublin e Milão). A iniciativa estreia um conjunto de visitas conduzidas em inglês, a 10 espaços.

Maratona de fotografia

É lançada uma Visual Stories que refletem as 4 fases de vida das arquiteturas a partir da experiência do fim-de-semana pelo público amante de fotografia, e que serão apresentadas numa exposição, no Palácio Sinel de Cordes durante o encontro Open House Europe em dezembro de 2023.