PME portuguesas sofrem ciberataques devido ao uso de inteligência artificial

PME portuguesas sofrem ciberataques devido ao uso de inteligência artificial
PME portuguesas sofrem ciberataques devido ao uso de inteligência artificial

Ocorreu um avanço rápido da inteligência artificial (IA) nas pequenas e médias empresas portuguesas, em 2025, e com essa IA surgem novos riscos, indica o Relatório de Ciberpreparação da Hiscox 2025. Dados do relatório apontam que 48% das organizações sofreu, em 2025, pelo menos um ciberataque relacionado com vulnerabilidades associadas ao uso de ferramentas de IA.

Ciberataques a PMEs portuguesas

Com a digitalização a sofrer uma rápida mudança de paradigma no uso de novas ferramentas as empresas são confrontadas com atividades de cibernética exigentes e fraco dominio, levando a que nos últimos 12 meses, 54% das empresas tenham sido alvo de pelo menos um ciberataque, sendo que mais de metade registou entre um e dez incidentes.

Os ciberataques ligados a vulnerabilidades associadas à IA atingiram 48% das empresas portuguesas, que confirmaram terem sido alvo de pelo menos um ciberataque nos últimos 12 meses. Isto mostra que os cibercriminosos estão a explorar ativamente as fragilidades geradas pela rápida adoção da IA.

Novas vulnerabilidades

O Relatório mostra algumas das principais fragilidades dos sistemas empresariais e nota que o tipo de ataque mais reportado que afetou 33% das empresas foram aos dispositivos IoT corporativos, que fazem parte de equipamentos industriais, sensores e infraestruturas conectadas.

Em segundo lugar de frequência, com 30% estão os servidores internos das empresas, em 29% os dispositivos moveis de colaboradores, como portáteis e telemóveis. Com 28% de ataques a serem direcionados a colaboradores através de phishing ou engenharia social, com 27% estão os dispositivos móveis da própria empresa, e também com 27% os compromissos de email corporativo, 26% foram com falhas na cadeia de fornecimento, 24% em servidores na cloud, ainda com 24% os serviços de acesso remoto, como VPN, e 23% de ataques de negação de serviço (DDoS).

As novas ferramentas e softwares de IA passaram a ser uma porta de entrada que afetou 24% das empresas, o que mostra que a inovação tem um custo, dado que se tornou um alvo prioritário para os cibercriminosos.

Importancia da IA e reconhecimento dos riscos

O aumento das ameaças não está, contudo, a restringir a posição positiva das empresas em relação à IA. Com 86% das organizações, a indicar que a tecnologia é sobretudo um ativo fundamental para a inovação e competitividade. Mas também está a cresce dentro das empresas a consciência de que a evolução tecnológica exige uma atenção reforçada à segurança.

O Relatório do grupo segurador Hiscox indica que as empresas identificam vulnerabilidades em várias áreas críticas:

26% indicaram que o software e sistemas podem ter falhas;

25% apontam a infraestrutura de rede como possível via de entrada de ameaças;

18% reconhecem que os colaboradores podem ser alvo de ataques de phishing ou engenharia social;

17% consideram que as instalações físicas podem estar expostas a ataques ou falhas em serviços públicos;

14% alertam para riscos associados a parceiros ou terceiros que tenham acesso a dados ou sistemas da empresa.

Próximos cinco anos e a sofisticação das ameaças

O estudo da Hiscox mostra que sobre o aumento da utilização de IA generativa, as empresas anteveem um crescimento de ameaças mais complexas e difíceis de detetar, e os riscos emergentes mais relevantes nos próximos cinco anos são apontados:

22% das empresas indicam ataques de engenharia social potenciados por IA;

21% destacam a utilização de dados comprometidos ou modelos de IA adulterados;

19% receiam que a IA tome controlo dos dados da empresa;

18% identificam vulnerabilidades em ferramentas de IA de terceiros, como o ChatGPT.

Uma perceção que para a Hiscox reflete uma maturidade crescente na avaliação do risco e uma preparação mais consciente para os desafios que se aproximam.

Investimentos prioritarios

Entre as prioridades de investimento das PMEs portuguesas encontramos: A formação e sensibilização dos colaboradores como uma das medidas mais importantes para aumentar a resiliência face aos perigos da IA para 46% das empresas.

Também 46% das empresas indicam planear garantir que as suas apólices de ciberseguro incluem riscos associados à IA.

Outras medidas referidas por 41% das empresas inquiridas passam por reforçar grupos de trabalho para fortalecer as políticas relacionadas com a IA, e 39% por desenvolver soluções próprias a nível interno como desenvolver hardware ou software próprios e especializados; 39% indica pretender contratar consultores especializados em segurança de IA, 35% contratar colaboradores com conhecimentos em IA e 31% das empresas pretende realizar auditorias regulares do uso da IA na empresa.

Para a Hiscox estas estratégias demonstram que as empresas portuguesas estão a reagir com determinação e foco perante um panorama cibernético cada vez mais complexo.

O relatório deste ano mostra como a IA se tornou uma ferramenta com grande potencial para as PMEs portuguesas, mas também uma nova ameaça para a sua cibersegurança. Verificámos que a IA não só abre portas de entrada a ciberataques, como também está a dar origem à evolução das ciberameaças, como o phishing potenciado por IA. Por isso, nós, enquanto seguradora especializada e sempre atenta ao complexo e dinâmico panorama da cibersegurança, reafirmamos o nosso compromisso de oferecer proteção face a estes riscos“, afirmou, citada em comunicado, Ana Silva, Cyber Lead da Hiscox Portugal e Espanha.