Porto: Cortejo de São Bartolomeu na Foz do Douro

Cortejo de São Bartolomeu ou desfile de trajes de papel ocorre no dia 27 de agosto de 2023 na Foz do Douro, no Porto. Com 500 figurantes e o tradicional “banho santo” na Praia do Ourigo. É esperado um público de mais de 15 mil pessoas.

Porto: Cortejo de São Bartolomeu na Foz do Douro
Porto: Cortejo de São Bartolomeu na Foz do Douro. Foto: DR

O Cortejo de São Bartolomeu, também conhecido como o Cortejo de Trajes de Papel, decorre vai colorir a marginal da Foz do Douro, no Porto. Uma tradição com mais de 150 anos de história, e que vai juntar 500 figurantes e termina com “banho santo” na Praia do Ourigo.

O emblemático Cortejo de São Bartolomeu está agendado para este domingo, dia 27 de agosto, entre as 10h00 e as 13h00, com início no Jardim das Sobreiras, na Foz do Douro, no Porto.

A tradição secular que este ano marca o ano da candidata a Património Imaterial da UNESCO, vai contar com a presença de diversas personalidades, entre as quais, o Vice-Presidente da Câmara Municipal, Filipe Araújo, o Bispo do Porto, D. Manuel Linda, e o historiador Hélder Pacheco. Os mais de 500 figurinos trajados a rigor vão percorrer cerca de três quilómetros, onde são esperados mais de 15 mil espectadores.

Organizado pela União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde o cortejo, que conta com diferentes “blocos temáticos”, passa por todo o Passeio Alegre, segue pelas Ruas Coronel Raúl Peres e Senhora da Luz e culmina no “banho santo” no mar, na Praia do Ourigo.

Entre os diferentes grupos a desfilar, todos unidos pelo tema do Património Imaterial da UNESCO em Portugal, é possível vislumbrar-se o Fado, encabeçado pelo “bloco” da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde; já a Associação de Moradores do Bairro de Aldoar desfila em homenagem ao património das cidades de Braga e Guimarães; o Orfeão da Foz do Douro leva o Alto Douro Vinhateiro junto à sua Foz e, por fim, a Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira percorre a marginal tendo o Centro Histórico do Porto como bandeira. Haverá também a oportunidade de um animado apontamento relativo aos Caretos de Podence e outras celebrações carnavalescas, pela Batucada Radical.

Para dar a conhecer a mística do maior cortejo de papel do país, no final do desfile, a União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde vai inaugurar uma exposição, no Castelo da Foz, onde vão estar patentes alguns dos fatos que percorreram o desfile. A mostra é de acesso gratuito e estará aberta ao público até ao dia 03 de setembro.

A União das Freguesias de Aldoar, da Foz do Douro e Nevogilde aliou-se aos municípios espanhóis de Mollerusa e Amposta, na Catalunha, e Güeñes, no País Basco para preservar as tradições locais dos trajes de papel e garantir a sua continuidade. O processo de candidatura que agora se inicia estende-se até 2025.

O Cortejo de São Bartolomeu

A Romaria de São Bartolomeu remota à tradição do século XIX, quando fiéis acreditavam que, a 24 de Agosto, São Bartolomeu encarnava nas águas e o Diabo andava à solta e procuravam proteção conta males de pele, gaguez ou efeitos demoníacos, mergulhando no mar em busca da sua proteção. A romaria trazia até à Foz um vasto número de crentes que procuravam o banho milagroso.

Nos anos 30 do século passado surge a tradição dos trajes de papel, trazida pelo antigo embarcadiço “Costa Padeiro” e associada à “Festa do Banheiro”. Já o primeiro Cortejo de Trajes de Papel em dia de São Bartolomeu realizou-se em 1952. A partir de 1963 é dado novo fôlego ao Cortejo por Joaquim Picarote, um “bairrista da Foz”. Desde 1979/1980 a organização do Cortejo ficou a cargo da Junta de Freguesia e, após a união das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde em 2013, estabeleceu a Junta o seu Atelier de São Bartolomeu.

O Cortejo dos Trajes de Papel, ao longo da sua diacronia, adquiriu um carácter identitário para a comunidade local, onde há uma clara valorização do trabalho manual e conteúdo material desta tradição. A criação dos trajes implica uma logística prolongada no tempo e a transformação minuciosa de papel crepe em trajes coloridos.