Regressou às ruas da Mouraria a Procissão de Nossa Senhora da Saúde

Gente de vários locais de Lisboa e de outros concelhos encheram as ruas da Mouraria por onde passou a Procissão em honra de Nossa Senhora da Saúde. A mais antiga Procissão de Lisboa continua viva como manifestação de fé e no essencial nos traços da tradição cultural.

Regressou às ruas da Mouraria a Procissão de Nossa Senhora da Saúde
Regressou às ruas da Mouraria a Procissão de Nossa Senhora da Saúde. Foto: © TVEuropa

Lisboa teve, novamente, a 7 de maio de 2023, a sua Procissão em honra de Nossa Senhora da Saúde a percorrer ruas da Mouraria, depois de nos últimos três anos não se ter realizado por motivos de contingências de saúde pública – pandemia de COVID-19.

A Procissão mais antiga de Lisboa, com início há mais de 450 anos, foi presidida por D. Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, e organização da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e São Sebastião.

A também conhecida por Procissão dos Artilheiros percorreu ruas do bairro da Mouraria, atualmente local onde habitam sobretudo imigrantes das mais variadas partes do mundo, e onde este ano, ao contrário de 2019, já não vimos, durante a Procissão, as tradicionais colchas estendidas nas varandas.

Mas como referiu D. Rui Valério o povo de Lisboa não se esqueceu da sua Procissão e encheu as ruas e a praça Martim Moniz, mesmo depois de nos últimos anos ver-se forçado a ir viver para mais longe, para outros concelhos, como Almada ou Amadora, e como referiu um casal de idosos “já saímos do bairro há um anos mas continuamos a vir para aqui (início da Rua José António Serrano) para assistir à nossa Procissão”.

Se no século XVI, Lisboa viveu um tempo trágico, em que o dia-a-dia foi vivido em sobressaltos, com massacre e perseguições aos designados “cristãos-novos”, pestes, fome e tremores de terra e sentimento de instabilidade na governança do reino, o povo encontrou esperança na fé, e em abril de 1570 o povo fez a sua primeira Procissão de Nossa Senhora da saúde promovida pelos Artilheiros como agradecimento da graça pela melhoria da saúde na cidade de Lisboa. Um tempo que D. Rui Valério também lembrou referindo que em qualquer tempo há sempre a possibilidade de haver alternativa.