Scroll”: Uma peça do coletivo artístico Visões Úteis para smartphones

“Scroll” é uma peça que questiona o conceito e os limites do teatro. Uma narrativa ficcional com atores de carne e osso e o cenário as ruas do Porto. A peça é vista em smartphone. Os quinze episódios são apresentados de 3 a 17 de junho.

Scroll”: Uma peça do coletivo artístico Visões Úteis para smartphones
Scroll”: Uma peça do coletivo artístico Visões Úteis para smartphones. Foto: DR

Coletivo artístico Visões Úteis estreia no dia 3 de junho a peça “Scroll”, um projeto inovador que cruza artes performativas e novas tecnologias. A peça questiona o próprio conceito e os limites do teatro, e o que significa ser espectador, num tempo marcado pela constante pluralidade de narrativas, pela constante dispersão da atenção e pelos enigmáticos desígnios dos algoritmos.

“Scroll” é uma “peça para smartphones” e com uma narrativa ficcional, em que atores de carne e osso têm as ruas do Porto como cenário. A peça é vista no ecrã de telemóvel do espectador, através de uma aplicação desenvolvida originalmente para o projeto.

“SCROLL”
Num futuro não muito longínquo, uma empresa de distribuição de bens e serviços – com um modelo de negócio semelhante ao que hoje associamos a empresas como a Uber ou a Glovo – radicalizou algumas das práticas já existentes nos nossos dias.

Os serviços já não se limitam ao transporte de pessoas, comidas e bens comerciais, podendo em breve estender-se à satisfação de qualquer necessidade do cliente sempre à procura de produtos e serviços. A precariedade dos trabalhadores é total: considerados “parceiros” da empresa, têm de submeter-se a uma distribuição dos serviços comandada por um algoritmo cujo funcionamento não entendem, e demonstrar total disponibilidade se quiserem manter ou aumentar as suas remunerações.

O que parece a uns ser uma oportunidade para trabalhar com toda a liberdade, apresenta-se a outros como uma armadilha, uma exploração, uma ferramenta de isolamento que vira os trabalhadores uns contra os outros.

As personagens de “Scroll” são trabalhadores/parceiros desta gigantesca multinacional, a trabalhar há pouco tempo no Porto, com atitudes muito diferentes em relação à atividade que desenvolvem. Até ao dia em que um cliente muito especial solicita um serviço inesperado… um bizarro pedido que ameaça a própria estrutura da empresa e empurra os trabalhadores para uma ação radical.

Como assistir à peça
O espectador descarrega gratuitamente a aplicação criada para o projeto. Regista-se como utilizador da aplicação e é-lhe atribuída uma personagem: um trabalhador / parceiro da empresa de distribuição, cuja vida e trabalho poderá seguir ao longo de 15 dias, entre 3 e 17 de junho de 2019.

Através da aplicação, o espectador terá acesso à transmissão vídeo das entregas desse trabalhador e à sua avaliação por parte dos clientes e da empresa, podendo até votar e comentar a prestação diária da “sua” personagem.

Mas, e porque a empresa insiste numa política de total transparência dos seus colaboradores, o espectador terá também acesso a um conjunto de conteúdos da esfera privada do trabalhador/parceiro – as atualizações das suas redes sociais, as conversas em Skype com a família, as notícias que lê ou as músicas que ouve.

O espectador pode ser notificado de todas as atualizações diárias destes conteúdos, mas eles ficam também guardados cronologicamente na aplicação, podendo ser acedidos mais tarde… basta fazer scroll!

A aplicação poderá ser descarregada a partir do final de maio na App Store e na Google Play Store; o público pode subscrever uma newsletter do projeto para receber por mail o link para descarregar a aplicação ou seguir todas as novidades através do site www.visoesuteis.pt.

Ficha técnica e artística

Direção: Carlos Costa

Dramaturgia: Ana Vitorino, Carlos Costa, João Martins

Colaboração na Dramaturgia: Ana da Cunha, Beatriz Brígida Melo, Belmiro Ribeiro, Bernardo Gavina, Carina Ferrão, Cecília Ferreira, Filipe Gouveia, Flora Miranda, Frederica Nunes de Pinho, Laura Avelar Ferreira, Luísa Ferreira, Maria Pinto, Tiago Correia, Vanda R. Rodrigues (alunos da Pós-Graduação em Dramaturgia da ESMAE) com Jorge Louraço.

Desenvolvimento da Aplicação: André Lamelas (programação), Ricardo Melo (design)
Coordenação da Dramaturgia com a Aplicação João Martins
Vídeo: Alexandra Allen, Sara Allen
Canções Originais e Interpretação: Tiago Correia, André Júlio Teixeira
Letras: Tiago Correia
Arranjos, Gravação, Mistura e Masterização: André Júlio Teixeira
Interpretação: Catarina Gomes, Gilberto Oliveira e Ana Azevedo, Ana Vargas, Ana Vitorino, Ângela Marques, Bernardo Gavina, Carlos Costa, Cátia Vilaça, Edna Luís, Joana Moraes, Jorge Paupério, Laura Zavagno, Leonor Quinta, Mafalda Banquart, Manuel Rito, Nuno Loureiro, Pedro Carreira, Simão Luís, Tiago Correia, Vera Silva.