SNS: Consultas e cirurgias de doenças graves – aumentam tempos de espera

Consultas e cirurgias aumentam no segundo semestre de 2022 face a 2021. A monitorização da ERS indica que no final de 2022 havia 1.258 utentes a aguardar uma primeira consulta em oncologia. 70% com tempo de espera para lá do máximo garantido.

SNS: Consultas e cirurgias de doenças graves - aumentam tempos de espera
SNS: Consultas e cirurgias de doenças graves - aumentam tempos de espera. Foto: © Rosa Pinto

Monitorização dos tempos de espera de consultas da especialidade desenvolvido pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) aponta para a realização, no segundo semestre de 2022, de 605.035 primeiras consultas de especialidade hospitalar a pedido dos Cuidados de Saúde Primários (CSP). Neste número não estão incluídas as consultas de cardiologia, nem as consultas com suspeita ou confirmação de doença oncológica.

O número de primeiras consultas corresponde a um aumento de 13% face ao mesmo período de 2021, e a cerca de 43% do total das consultas realizadas nos hospitais do SNS.

Dados da monitorização da ERS indicam que o Tempo Máximo de Resposta Garantido para a realização de consultas que se encontra definido na lei foi ultrapassado em cerca de 43% das consultas realizadas nessas especialidades, o que corresponde a um aumento de 15,8 p.p. na percentagem de incumprimento face a 2021.

Em 31 de dezembro de 2022 havia 581.909 utentes em espera para primeira consulta, 47% dos quais com tempo de espera superior ao Tempo Máximo de Resposta Garantido.

No período de monitorização foram realizadas 254.205 cirurgias programadas nos hospitais do SNS, o que corresponde a um aumento de 4% face ao segundo semestre de 2021. Neste número não estão incluídas as cirurgias de cardiologia, nem as da área oncológica.

A ERS indica que apesar de haver uma diminuição de 3 p.p. na percentagem de incumprimento face ao segundo semestre de 2021, cerca de 11% dos utentes submetidos a cirurgias dessas especialidades foram sujeitos a tempos de espera superiores ao limite estabelecido na lei.

A 31 de dezembro de 2022 havia 189.358 utentes em Lista de Inscritos para Cirurgia (LIC) programada de outras especialidades (excluídas Oncologia e Cardiologia), 23% dos utentes com tempo de espera superior ao Tempo Máximo de Resposta Garantido.

No segundo semestre de 2022, foram realizadas 9.301 primeiras consultas com suspeita ou confirmação de doença oncológica nos hospitais do SNS, o que corresponde a um aumento de 14%, face ao segundo semestre de 2021. Neste caso, Tempo Máximo de Resposta Garantido, para atendimento foi ultrapassado em cerca de 46% realizadas.

No final do segundo semestre de 2022, havia 1.258 utentes a aguardar uma primeira consulta com suspeita ou confirmação de doença oncológica. Destes utentes em espera 70% já estão para lá do Tempo Máximo de Resposta Garantido.

Foram realizadas 29.540 cirurgias programadas na área de oncologia no segundo semestre de 2022, o que corresponde a um aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2021.

A ERS indica que apesar da diminuição da percentagem de incumprimento de 4,2 p.p. face ao segundo semestre de 2021, cerca de 22% dos utentes operados na área da oncologia no segundo semestre de 2022 foram atendidos com tempos de espera superiores ao estabelecido na lei.

A 31 de dezembro de 2022, havia 6.923 utentes a aguardar intervenção cirúrgica na área de oncologia, em que 24% já estavam com tempo de espera superior ao limite legal.

No segundo semestre de 2022, foram realizadas 19.587 primeiras consultas de cardiologia, nos hospitais do SNS, o que corresponde a um aumento de 12% face ao segundo semestre de 2021. Neste caso o Tempo Máximo de Resposta Garantido definido para atendimento foi ultrapassado em cerca de 89% das consultas de cardiologia realizadas.

No final do segundo semestre de 2022, havia 15.406 utentes a aguardar uma primeira consulta de cardiologia, 85% com espera superior ao definido na lei, correspondendo esta percentagem de incumprimento à mais elevada desde o início da monitorização pela ERS;

No período em monitorização foram realizadas 4.093 cirurgias cardíacas programadas no âmbito de doença cardíaca, o que corresponde a uma diminuição de 1% face ao segundo semestre de 2021. Destas cirurgias 28% foram atendidos com espera superior ao estipulado na lei, o que representa um aumento da percentagem de incumprimento de 3,9 p.p. comparativamente com o segundo semestre de 2021;

A 31 de dezembro de 2022, havia 2.880 utentes a aguardar cirurgia cardíaca, em que 51% já estava à espera com tempo superior ao estipulado na lei.

No caso dos cuidados de saúde prestados pelas unidades de cuidados de saúde primários, no segundo semestre de 2022, a ERS indica que se verificaram taxas de incumprimento dos tempos máximos estipulados na lei entre 13,6% e 23,8% nas consultas no domicílio e entre 2,4% e 10,4% nos pedidos de renovação de medicação, não tendo sido possível monitorizar as taxas de incumprimento dos Tempo Máximo de Resposta Garantido relativas a consultas por motivo não relacionado com doença aguda, por ausência dos registos necessários para permitir a respetiva monitorização.