Tecnologias Médicas aumentam em Portugal contribuindo para reduzir internamentos e custos na saúde

Tecnologias Médicas aumentam em Portugal contribuindo para reduzir internamentos e custos na saúde
Tecnologias Médicas aumentam em Portugal contribuindo para reduzir internamentos e custos na saúde

Estudo sobre o Mercado das Tecnologias Médicas, realizado pela Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) em colaboração com a Antares Consulting mostra que os investimentos e os avanços nas Tecnologias Médicas (TM) transformam profundamente o panorama da saúde.

A iniciativa, que se integra nas comemorações do 35.º aniversário da APORMED, permitiu uma caraterização do mercado nacional e compreender o papel das Tecnologias Médicas para o setor da saúde. Os resultados do estudo mostram que as Tecnologias Médicas têm impacto no aumento da qualidade de vida da população e na obtenção de ganhos relevantes para o sistema de saúde.

O estudo faz uma análise quantitativa do setor das Tecnologias Médicas em Portugal em número e tipologia de empresas, emprego, nível de qualificação dos recursos humanos, contributo das empresas para a balança comercial, investimento em Investigação e Desenvolvimento, entre outros, e uma análise qualitativa que mostra a criação de valor e o contributo das tecnologias médicas para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o ecossistema da saúde, onde se incluem os doentes, os profissionais de saúde, os prestadores de cuidados médicos, mas também os financiadores, o setor público e privado.

Dados do estudo mostram que o valor do mercado de Tecnologias Médicas em Portugal evoluiu de cerca de 1.440 milhões de euros em 2018 para cerca de 2.200 milhões de euros em 2023, representado um aumento médio anual de 8,8%. Um crescimento que reflete a relevância crescente das Tecnologias Médicas em todo o sistema de saúde. No entanto, estes valores devem ser vistos também numa análise de aumento dos custos de contexto, que são impulsionados, entre outros fatores, pela implementação dos novos Regulamentos relativos aos Dispositivos Médicos e aos Dispositivos Médicos para diagnóstico in vitro, que têm imposto exigências acrescidas e investimentos adicionais às empresas do setor.

“Este estudo foi pensado para colmatar a falta de disponibilização de informação sobre o setor das Tecnologias Médicas em Portugal. Neste sentido, a APORMED considerou que seria oportuno e de grande utilidade promover um estudo de mercado que abrangesse uma dimensão quantitativa e qualitativa do setor que esta Associação representa. Do nosso ponto de vista, acreditamos que as suas conclusões vão contribuir para mais ganhos em saúde, maior sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e melhor acesso dos cidadãos a tecnologias médicas inovadoras que melhorem a qualidade de vida”, referiu, citada em comunicado, Antonieta Lucas, presidente da APORMED.

“As empresas de dispositivos médicos contribuem para a sustentabilidade do sistema de saúde e desempenham um papel crucial para a economia do país através dos mais de 7000 postos de trabalho, da elevada qualificação dos seus recursos humanos e da capacidade exportadora, que no caso desta indústria, atinge 400 milhões de euros”, acrescentou Antonieta Lucas.

Da caracterização do mercado nacional, o estudo em face da amostra de empresas analisadas, mostra que 53% da faturação das empresas é direcionada às entidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), 30% aos hospitais e clínicas privadas, 14% ao retalho, sendo que os restantes segmentos apresentam uma representatividade residual.

As Tecnologias Médicas apresentam uma distribuição por área médica, nomeadamente:

Na área de cardiologia que se destaca com uma das que apresenta as maiores taxas de crescimento e a maior quota de mercado, na média de 2022 a 2024, assim como o maior volume de vendas em 2024.

Nas áreas de ortopedia, dispositivos auditivos e oftalmologia integram o grupo das que apresentam taxas de crescimento mais elevadas e quotas de mercado bastante relevantes.

Os Dispositivos Médicos para diagnóstico in vitro apresentam a segunda maior quota de mercado na média dos últimos 3 anos e o segundo maior volume de vendas em 2024, registando, no entanto, uma taxa de crescimento negativa entre 2022 e 2024, decorrente do período pós-pandemia.

Na Imagiologia e na cirurgia geral e plástica que se encontram num patamar intermédio em que as suas quotas de mercado são ainda moderadas, mas o seu rápido crescimento pode potenciar a sua maior representatividade no mercado.

É também observável que o setor das Tecnologias Médicas tem vindo a aumentar o número de empregos, sendo ocupados por pessoas mais jovens, com níveis de qualificação significativamente superiores à média nacional, o que reflete uma dinâmica de renovação e elevada especialização.

O estudo monstra que o sistema de saúde em Portugal tem beneficiado de forma progressiva do investimento em tecnologias médicas, impulsionando o desenvolvimento de modelos de cuidados mais proativos, eficientes e promotores de maior autonomia e bem-estar dos doentes.

É reconhecido pelo estudo o contributo das Tecnologias Médicas para o aumento das cirurgias de ambulatório, em que o doente é admitido, submetido a cirurgia e alta médica no próprio dia, Assim, como uma recuperação mais rápida que antecipa o regresso ao trabalho. O estudo estima que o total de dias de internamento evitados entre 2014 e 2023 seja na ordem dos 469,3 milhões de euros e que os benefícios associados às perdas de produtividade evitadas entre 2014 e 2023 se situe nos 55,5 milhões de euros.

O setor das Tecnologias Médicas na Europa é o segundo maior mercado mundial. Sendo os cinco países mais representativos a Alemanha, a França, a Itália, o Reino Unido e a Espanha, que representam cerca de dois terços do mercado europeu.

O mercado das Tecnologias Médicas em Portugal possui um valor de 2.200 milhões de euros, apresentando características similares ao mercado europeu na estrutura e tipologia de operadores económicos. Um mercado em que a grande maioria é constituído por Pequenas e Médias Empresas (PME), e despesa per capita em Tecnologias Médicas em Portugal é ainda significativamente inferior ao valor da média europeia.

O estudo perspetiva uma evolução para os próximos anos que aponta para a manutenção do crescimento, a um ritmo médio anual próximo de 5%, e estima que o valor do mercado mundial possa alcançar, em 2028, cerca de 750.000 milhões de euros.