Trombose: alerta sobre riscos, sintomas, prevenção e tratamento

Hospitalização constitui um fator de risco significativo da trombose venosa. Uma doença que é responsável por uma em cada quatro mortes diárias. Apesar da gravidade, a grande parte da população desconhece os problemas relacionados com esta patologia silenciosa.

Trombose: alerta sobre riscos, sintomas, prevenção e tratamento
Trombose: alerta sobre riscos, sintomas, prevenção e tratamento. Foto: © Rosa Pinto

Dados da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, as ocorrências de tromboembolismo venoso (TEV) causam mais mortes por ano na Europa e nos Estados Unidos da América do que todos os casos de SIDA, cancro da mama, cancro da próstata e acidentes de viação.

“A trombose consiste na formação de um coágulo de sangue (trombo), numa veia localizada profundamente que dificulta ou impede o fluxo normal de sangue. Nos casos em que o trombo é formado no interior da coxa ou da perna (também pode acontecer no braço ou noutras partes do corpo), caracteriza-se por trombose venosa profunda (TVP). O maior problema é quando o coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, correndo-se o risco deste viajar até aos pulmões e originar a embolia pulmonar (EP). Tanto a TVP como a EP podem levar à morte por tromboembolismo venoso (TEV)” esclareceu Sérgio Barroso, médico oncologista e presidente do Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT).

Uma em cada quatro pessoas que morre diariamente em todo o mundo é devido a uma doença relacionada com a trombose. Assim, o foco do Dia Mundial de Combate à Trombose, em 2019, que se assinala a 13 de outubro, é a hospitalização, a trombose associada ao cancro e a incidência da doença nas mulheres devido à exposição a fatores de risco adicionais, como a pílula anticoncecional e a gravidez.

“A hospitalização constitui um fator de risco significativo para o desenvolvimento de um TEV, porque os hospitais ainda não adotaram protocolos obrigatórios para ajudar a evitar problemas trombóticos que ocorrem geralmente, após uma cirurgia, corte ou falta de movimento por muito tempo, sendo mais frequente após procedimentos cirúrgicos ortopédicos, oncológicos e ginecológicos” referiu Sérgio Barroso.

O especialista acrescentou: “Até 60% dos casos de TEV ocorrem durante a hospitalização ou dentro de 90 dias, na pós-alta. Daí que um doente bem informado sobre a sua condição pode permitir maior sucesso nos tratamentos e garantir/exigir melhores cuidados durante a hospitalização. E se tiver alguma dúvida com algum dos sintomas deve procurar ajuda junto do médico assistente”.

“Apesar de ser um problema que geralmente afeta mais mulheres, os homens também correm o risco de sofrer uma trombose. Em números, quando é avaliada apenas a faixa entre 20 a 40 anos, a incidência de trombose é um pouco maior nas mulheres pela maior exposição a fatores de risco, como os anticoncecionais e a gravidez. E, tal como associados a grande parte das doenças, temos outros fatores de risco como, a obesidade, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool que contribuem fortemente para aumentar os riscos de formação de um coágulo nas veias levando ao seu entupimento e impedindo que o sangue circule normalmente. A população oncológica, devido à quimioterapia, radioterapia, hospitalização e imobilidade têm um risco acrescido de desenvolver um TEV”, esclareceu o médico oncologista.

Sintomas e prevenção

O acesso aos cuidados de saúde são fundamentais, sendo importante que as pessoas estejam atentas à realidade da doença e a prestar a devida atenção aos sinais do seu corpo. A Trombose Venosa Profunda (TVP) manifesta-se habitualmente através de um dos seguintes sintomas:

dor na barriga da perna (porque as veias da perna têm maior dificuldade de transportar o sangue para o coração), calor, inchaço, sensação de pele esticada e vermelhidão evidente na perna ou no braço.

No caso da Embolia Pulmonar (EP) os sintomas contemplam:

falta de ar inexplicável, dor no peito, especialmente quando respira profundamente, vertigens/tonturas e/ou desmaios e tosse com sangue.

A prevenção passa por atitudes simples do dia-a-dia:

como evitar ficar muito tempo sentado sem se movimentar, manter uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico regularmente, manter o peso, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, principalmente se associado ao cigarro e ao uso de anticoncecionais e fazer uso de meias elásticas caso tenha algum histórico pessoal ou familiar de formação de coágulos sanguíneos.

Diagnóstico e tratamento

O Presidente do GESCAT alerta que, ao identificar os principais sintomas da trombose, é necessário procurar imediatamente ajuda médica para confirmar o diagnóstico da trombose suspeita e começar rapidamente o tratamento da doença.

Uma vez confirmado o diagnóstico, o tratamento da trombose venosa profunda deve começar imediatamente para impedir o crescimento do coágulo sanguíneo, impedir que o coágulo avance para outras regiões do corpo e, assim, evitar uma possível embolia pulmonar. O tratamento pode contemplar anticoagulantes para impedir que os coágulos sanguíneos se desloquem para os pulmões e meias de compressão para melhorar o edema causado pela trombose.

As ações de consciencialização para as causas, fatores de risco, sintomas e formas de prevenção da trombose realizadas pelo GESCAT, no âmbito do Dia Mundial de Combate à Trombose, contam com o patrocínio da Leo-Pharma, da Bayer, da Sanofi e com o apoio da Daiichi-Sankyo e da Pfizer.

O World Thrombosis Day celebra-se anualmente a 13 de outubro, e trata-se de um movimento global, liderado pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH – International Society on Thrombosis and Haemostasis), que em Portugal conta com o apoio do Grupo de Estudos de Cancro e Trombose. O objetivo é promover a consciencialização sobre a trombose, doença pouco conhecida, mas potencialmente letal, e aumentar o conhecimento e compreensão sobre os riscos e a importância da sua prevenção.