Trombose pode ser mais preocupante durante a pandemia

Grupo de Estudos de Cancro e Trombose defende que a Trombose deve ser considerada um problema de saúde urgente e crescente e que o primeiro passo para a prevenção é entender como é que esta doença se manifesta no corpo.

Trombose pode ser mais preocupante durante a pandemia
Trombose pode ser mais preocupante durante a pandemia

A trombose afeta duas a cada mil pessoas por ano e continua a ser uma doença quase desconhecida da população. Com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a alertar que, a cada 37 segundos, uma pessoa morre devido a complicações geradas a partir de um coágulo sanguíneo. É neste cenário que a 13 de outubro se assinala o Dia Mundial do Tromboembolismo.

A trombose é uma entidade clínica que pode manifestar-se numa artéria ou numa veia e pode causar uma Trombose Venosa Profunda (TVP) ou uma Embolia Pulmonar (EP), provocando a morte por um Tromboembolismo Venoso (TEV). O TEV constitui uma das principais causas de morte cardiovascular em todo o mundo, indica o Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT).

A trombose, uma doença silenciosa (assintomática) ainda pouco conhecida e de difícil diagnóstico clínico, é responsável por desenvolver coágulos sanguíneos no interior das veias, causando obstrução – total ou parcial – dos vasos. Atualmente, há a estimativa de que a doença afeta duas a cada mil pessoas por ano, com uma taxa de ocorrência de 25%, o que a torna a principal causa de morte cardiovascular evitável. O problema é mais comum do que se pensa e requer tratamento célere e especializado, refere o GESCAT.
Este ano, a circunstância extraordinária da pandemia provocada pelo coronavírus, trouxe ao GESCAT a necessidade de abordar a trombose como um problema de saúde urgente e crescente, “reforçando a sua missão em continuar a promover a consciencialização da população para as causas, fatores de risco, sinais / sintomas e a importância da prevenção desta condição médica perigosa, frequentemente ignorada e potencialmente mortal”.

Sérgio Barroso, médico oncologista e presidente do GESCAT refere: “A necessidade de isolamento social durante a pandemia de COVID-19 fez com que muitos portugueses não pudessem ter o acompanhamento médico nas consultas que estavam programadas porque estas não se puderam realizar. Durante esse período, houve também muitos portugueses que se sentiram doentes e que não recorreram aos cuidados de saúde pelo receio de contágio”.

Face à situação Sérgio Barroso acrescenta: “A consequência foi catastrófica pois houve um aumento de casos de trombose venosa, embolia pulmonar e urgências arteriais, que podem ser explicadas pela incidência de eventos trombóticos relacionados à infeção por SARS-Cov-2 e, também, pela negligência à supervisão da especialidade”.

“É por este motivo que o GESCAT defende que a trombose deve ser considerada um problema de saúde urgente e crescente e que o primeiro passo para a prevenção da trombose é entender como é que esta doença se manifesta no corpo. A falta de conhecimento de grande parte da população acerca desta patologia silenciosa atrasa frequentemente o seu correto diagnóstico e consequente tratamento, o que a torna a principal causa de morte cardiovascular evitável”, esclarece o presidente do Grupo de Estudos.

A trombose consiste na formação de um coágulo de sangue (trombo), numa veia localizada profundamente que dificulta ou impede o fluxo normal de sangue. Nos casos em que o trombo é formado no interior da coxa ou da perna (também pode acontecer no braço ou noutras partes do corpo), caracteriza-se por trombose venosa profunda (TVP). O maior problema é quando o coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, correndo-se o risco de este viajar até aos pulmões e originar a embolia pulmonar (EP). Tanto a TVP como a EP podem levar à morte por tromboembolismo venoso (TEV), esclarece o GESCAT.

Causas e fatores de risco

O GESCAT refere que apesar de ser um problema que geralmente afeta mais mulheres, os homens também correm o risco de sofrer uma trombose. Em números, quando é avaliada apenas a faixa entre 20 a 40 anos, a incidência de trombose é um pouco maior nas mulheres pela maior exposição a fatores de risco, como os anticoncecionais e a gravidez.

O problema de saúde está também associado a grande parte das doenças, a obesidade, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool contribuem fortemente para aumentar os riscos de formação de um coágulo nas veias levando ao seu entupimento e impedindo que o sangue circule normalmente.

Também a hospitalização constitui um fator de risco significativo para o desenvolvimento de um TEV porque cerca de 60% dos casos de TEV ocorrem durante a hospitalização ou dentro de 90 dias, no pós-alta. A população oncológica, devido à quimioterapia, radioterapia, hospitalização e imobilidade têm um risco acrescido de desenvolver um TEV.

Sintomas

O GESCAT considera que sendo o acesso aos cuidados de saúde fundamental, é importante que as pessoas estejam atentas à realidade desta doença e a prestar a devida atenção aos sinais do seu corpo.

A Trombose Venosa Profunda a manifesta-se habitualmente através de um dos seguintes sintomas:

Inchaço do pé, tornozelo ou perna;
Dor na barriga da perna (porque as veias da perna têm maior dificuldade de transportar o sangue para o coração);
Sensação de pele esticada;
Rigidez da musculatura na região onde que se formou o trombo;
Calor, inchaço e vermelhidão evidente na perna ou no braço.

Os sinais da Embolia Pulmonar incluem:

Falta de ar inexplicável;
Dor no peito (especialmente quando respira profundamente);
Vertigens/tonturas e/ou desmaios;
Tosse com sangue.

Prevenção

Os cuidados diários para a prevenção incluem atitudes simples:

evitar ficar muito tempo sentado sem se movimentar:
praticar exercício físico regularmente;
manter uma alimentação equilibrada;
manter o peso;
evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, principalmente se associadas ao cigarro e ao uso de anticoncecionais;
em viagens longas utilizar sempre roupas e sapatos confortáveis e fazer uso de meias elásticas caso tenha algum histórico pessoal ou familiar de formação de coágulos sanguíneos.

Caso se identifique com alguns destes sintomas deve procurar ajuda junto do médico assistente.

Diagnóstico e tratamento

O Presidente do GESCAT alerta que, ao identificar os principais sintomas da trombose, é necessário procurar imediatamente ajuda médica para confirmar o diagnóstico da trombose suspeita e começar rapidamente o tratamento da doença. Uma vez confirmado o diagnóstico, o tratamento da trombose venosa profunda deve começar imediatamente para impedir o crescimento do coágulo sanguíneo, impedir que o coágulo avance para outras regiões do corpo e, assim, evitar uma possível embolia pulmonar. O tratamento pode contemplar anticoagulantes para impedir que os coágulos sanguíneos se desloquem para os pulmões e meias de compressão para melhorar o edema causado pela trombose.