União Europeia deve receber novos membros até 2030

Alargamento da União Europeu poderá dar-se até 2030, defende o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. O alargamento vai ser discutido nas próximas reuniões do Conselho Europeu, onde as questões do PIB de novos membros poderão ser um entrave.

União Europeia deve receber novos membros até 2030
União Europeia deve receber novos membros até 2030

O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel referiu, hoje, no Fórum Estratégico de Bled, que chegou a hora deixar de haver ambiguidades e que o caminho dos Balcãs Ocidentais para a União Europeia (UE) começou há mais de 20 anos. “Uma região no coração da Europa, rodeada pela EU”, e “que emergiu do conflito após a dissolução da Jugoslávia”.

A Cimeira de Salónica, em 2003, confirmou a perspetiva europeia dos Balcãs Ocidentais. Mas o ritmo lento desta jornada da UE dececionou muitos, tanto na região como na UE. Concordo com o Chanceler Scholz quando diz que a Europa deve cumprir as suas promessas”.

Charles Michel lembrou que “em junho do ano passado, concedemos o estatuto de candidato à Ucrânia e à Moldávia. E o mesmo estatuto aguarda a Geórgia quando completarem as etapas necessárias”, e “portanto, agora o alargamento já não é um sonho. É hora de seguir em frente”.

Entretanto lembrou que “ainda há muito trabalho a fazer. Será difícil e às vezes doloroso. Para os futuros Estados-Membros e para a UE” e afirmou:

Para sermos credíveis, creio que devemos falar sobre o timing e os trabalhos de casa. E eu tenho uma proposta. Ao prepararmos a próxima agenda estratégica da UE, devemos estabelecer um objetivo claro. Acredito que devemos estar prontos — de ambos os lados — para alargar até 2030. Isto significa que o próximo orçamento de longo prazo da UE terá de incluir os nossos objetivos comuns. Isto é ambicioso, mas necessário. Isso mostra que estamos falando sério. Isso criará impulso. Dará um impulso transformador às reformas e gerará interesse, investimentos e uma melhor compreensão, e encorajará todos nós a trabalharmos em conjunto”.

Para o alargamento Charles Michel considera haver que “a janela de oportunidade está aberta” e “por isso que os líderes da UE discutirão o alargamento nas próximas reuniões do Conselho Europeu”, onde será tomada “uma posição sobre a abertura de negociações com a Ucrânia e a Moldávia. E espero também que a Bósnia e Herzegovina e a Geórgia voltem à mesa”.

Entretanto o Presidente do Conselho Europeu alertou que “a adesão à União traz consigo responsabilidades e benefícios. Para assumir as responsabilidades e colher os benefícios num ambiente altamente competitivo, é preciso estar preparado”.

E acrescentou: “Isto significa garantir que o poder judicial desempenhe um papel independente. E combater a corrupção e o crime organizado. Significa também estar preparado economicamente – em particular através da adoção do acervo da UE. E estar connosco na política externa – é mais importante hoje do que nunca”.

Os futuros Estados-Membros encontram-se em fases diferentes no seu percurso rumo à UE” e também, “precisamos de garantir que os conflitos passados não sejam importados para a UE e utilizados para bloquear a adesão dos seus vizinhos e de outros futuros Estados-Membros” e para isso considera dever ser adicionada uma “cláusula de confiança” nos tratados de adesão “para garantir que os países que acabaram de aderir não possam bloquear a adesão de futuros Estados-Membros”.

Mas a União Europeia também precisa de se preparar para o alargamento referiu Charles Michel, e indicou: “Concordo plenamente com o Presidente Macron: não realizar reformas da nossa parte antes do próximo alargamento seria um erro fundamental. Sejamos honestos: por vezes utilizámos a falta de progressos dos futuros Estados-Membros para evitar enfrentar a nossa própria preparação. Devemos agora analisar seriamente a capacidade da UE para absorver novos membros”.

Pois, “a integração de novos membros na nossa União não será fácil. Afetará as nossas políticas, os nossos programas e os seus orçamentos. Exigirá reformas políticas e coragem política. O território e a demografia da UE aumentarão”.

Outra das questões a ter em conta é numa integração “a sua relativa prosperidade não se seguirá imediatamente – serão necessários fundos significativos para ajudar os países a recuperar o atraso. Precisamos de garantir que o orçamento da UE proporciona valor acrescentado europeu para todos. O PIB dos futuros Estados-Membros representa cerca de 50-70% da menor economia da UE. Isto significa que serão beneficiários líquidos, enquanto vários beneficiários líquidos atuais se tornarão contribuintes líquidos. Por isso, precisamos de descobrir como gerir esta transição complexa”.