Diagnóstico precoce é essencial para o tratamento eficaz das hepatites

Quando não tratada qualquer uma dos tipos de hepatite pode evoluir para formas graves de doença e conduzir à morte. José Presa, especialista em doenças do fígado, alerta, neste seu artigo, para a importância de um diagnóstico precoce para salvar vidas.

José Presa, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado
José Presa, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado. Foto: DR

A hepatite caracteriza-se por uma inflamação das células do fígado, que pode ter várias causas, nomeadamente os vírus da Hepatite A, B, C, D e E.

O fígado é um importante órgão do sistema digestivo e, no caso de inflamação ou lesão, pode haver comprometimento da sua função, podendo originar diversas complicações a curto ou a longo prazo.

Uma vez que existem diferentes tipos de hepatite, a sua gravidade é muito variável. As hepatites B e C são as mais importantes, por poderem evoluir, quando não tratadas, para problemas graves de saúde, como cirrose e cancro do fígado.

Estima-se que este tipo de hepatite viral, B e C, afete 325 milhões de pessoas em todo o mundo, causando 1,4 milhões de mortes por ano; e que, em Portugal, estima-se que existam 35 a 40 mil infetados pelo vírus da Hepatite C a maioria não diagnosticada.

Esta situação ocorre porque, na maioria dos casos, esta doença não se associa a quaisquer sintomas. Quando ocorrem, os mais comuns são a fadiga inexplicável para as atividades desenvolvidas, perda de apetite, náuseas, vómitos e diarreia, urina escura e fezes claras, dores abdominais e icterícia.

De salientar que estamos a falar de doenças evitáveis e tratáveis; e que no caso específico da hepatite C até é CURÁVEL.

A taxa de cura dos medicamentos para a hepatite C situa-se atualmente nos 96 por cento. No entanto, o diagnóstico precoce é vital para o sucesso do tratamento. Esteja atento e consulte o seu médico, sobretudo se usou ou partilhou seringas ou outros materiais no passado; e se fez transfusão de sangue antes de 1992.

Os tratamentos são simples, por via oral, geralmente curtos e sem custos para o doente, mas é preciso que sejam feitos de forma atempada. Tratam-se de medicamentos que vão inibir ou eliminar a multiplicação do vírus e, desse modo, reduzir as lesões causadas ao fígado.

O objetivo é, essencialmente, permitir que o fígado possa recuperar, sendo importante também o repouso adequado, uma dieta equilibrada e a abstenção de consumo de bebidas alcoólicas.

Lembre-se, a cada 30 segundos morre uma pessoa com uma doença relacionada com as hepatites. Esteja atento e consulte o seu médico para fazer um diagnóstico e, em caso positivo, um tratamento atempado.

Mesmo em tempo de pandemia Covid-19, não podemos esperar para atuar contra as hepatites virais.

O Dia Mundial das Hepatites assinala-se a 28 de julho.

Autor: José Presa, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado