Vacinação contra a COVID-19 a doentes neuromusculares

Doentes neuromusculares devem estar na primeira fase de vacinação contra a COVID-19, indicam quatro sociedades médicas. O risco muito elevado de infeção grave e de mau prognóstico à COVID-19 eleva a taxa de morbilidade e mortalidade.

Vacinação contra a COVID-19 a doentes neuromusculares
Vacinação contra a COVID-19 a doentes neuromusculares

Quatro sociedades médicas indicam que as pessoas com doenças neuromusculares têm um risco de infeção grave e de mau prognóstico à COVID-19. Nestas doenças, o envolvimento respiratório e/ ou cardíaco constitui a principal causa de morbilidade e mortalidade.

As doenças neuromusculares são um grupo heterogéneo de patologias caracterizadas pela fraqueza muscular e com uma prevalência entre 1 a 10/100.000 e na sua maioria não têm cura.

As quatro sociedades médicas em carta dirigida à Taskforce vacinação refere que na maior parte das doenças neuromusculares, o risco de uma infeção por SARS-CoV2 é considerado muito elevado, como refere a World Muscle Society, European Reference Network EURO-NMD. São vários os fatores que contribuem para esse risco muito elevado, incluindo:

a fraqueza dos músculos respiratórios, condicionando baixos volumes pulmonares e insuficiência respiratória crónica;

a ineficácia da tosse e de mecanismos de clearance das vias aéreas, agravado pela fraqueza dos músculos bulbares;

a dependência de suporte ventilatório, seja ventilação não invasiva ou traqueostomia;

o envolvimento cardíaco (cardiomiopatias, defeitos de condução e arritmias);

o risco acrescido de descompensação da doença neuromuscular perante situações febris ou infeciosas;

o risco acrescido de rabdomiólise e suas consequências, perante situações febris ou infeciosas;

a associação frequente a comorbilidades como a obesidade, hipertensão arterial e a diabetes mellitus, fatores por si só de risco para quadros mais graves de infeção a SARS-CoV-2.

A carta das sociedades médicas refere que ao risco muito elevado de infeção grave e de mau prognóstico a SARS-CoV-2, acresce a possibilidade de, num cenário de escassez de cuidados de saúde, nomeadamente de disponibilidade de cuidados intensivos, os doentes neuromusculares poderem ser preteridos no acesso aos mesmos.

Neste quadro de saúde a Sociedade Portuguesa de Neurologia, a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia Pediátrica e Sono, pedem a inclusão das pessoas com doenças neuromusculares na primeira fase de vacinação contra a COVIF-19.