Dia Mundial da Tuberculose 2021: O tempo está a passar

Demora no diagnóstico e no início do tratamento é responsável pelo prolongar da transmissão e agravamento da Tuberculose. O pneumologista António Domingos sublinha, neste seu artigo, para não esquecermos que o tratamento correto cura a doença.

António Domingos, Pneumologista, Coordenador da Comissão de Trabalho de Tuberculose da Sociedade Portuguesa de Pneumologia
António Domingos, Pneumologista, Coordenador da Comissão de Trabalho de Tuberculose da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Foto: DR

No dia 24 de março comemora-se o Dia Mundial da Tuberculose. Foi a 24 de março de 1882 que Robert Koch anunciou a descoberta da causa da tuberculose – o bacilo da Tuberculose (mycobacterium tuberculosis). No centenário da data, em 1982, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares, decidiram criar o Dia Mundial da Tuberculose.

A Tuberculose continua a ter consequências devastadoras a nível da saúde global, da economia e das condições sociais. De facto, em todo o mundo, a cada dia morrem cerca de quatro mil pessoas e vinte e oito mil adoecem devido a esta doença. Foram dez milhões de mortes em 2019.

O tema “The Clock is Ticking” (O tempo está a passar) foi o escolhido pela OMS para este ano de 2021. De facto, devido à pandemia Covid-19, o objetivo de eliminarmos a tuberculose em 2030 muito dificilmente será atingido. A OMS pretende chamar a atenção dos decisores políticos para não esquecerem o compromisso de combaterem a Tuberculose. E… o tempo conta!

Portugal, com menos de vinte casos por cem mil habitantes, situa-se no limiar dos países de baixa incidência. Todavia, a diminuição sustentada do número de novos casos, ainda está aquém do desejado. A demora entre o aparecimento dos sintomas (tosse persistente, febre ao final do dia e sudorese durante a noite, expetoração, cansaço, perda de peso, …) e o estabelecimento do diagnóstico e início do tratamento, é responsável pelo prolongamento da transmissão e agravamento da doença.

Não devemos esquecer que o tratamento correto cura a doença.

Autor: António Domingos, Pneumologista, Coordenador da Comissão de Trabalho de Tuberculose da Sociedade Portuguesa de Pneumologia