
As férias são sinónimo de descanso, lazer e, muitas vezes, de uma pausa nas rotinas, que podem levar a dinâmicas mais livres pela noite dentro. Um período para o qual a pneumologista, Vânia Caldeira, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), alerta que “o sono em atraso é uma perda irrecuperável, com consequências para a nossa saúde física e mental e não pode ser reposto no período de férias”.
Apesar da reconhecida importância do sono para o bem-estar físico e mental, a médica pneumologista sublinhou, em comunicação da SPP, que muitos adultos continuam a dormir menos do que o necessário, ou seja, menos de sete a nove horas por noite. Assim, “ainda que o período de férias possa ser utilizado para dormir as necessidades individuais, o mais importante é levar na bagagem de regresso das férias a decisão de mudar comportamentos e dar tempo ao sono para podermos conhecer a melhor versão de nós próprios – mais saudáveis, mais bem-humorados, mais produtivos e mais preparados para todos os desafios”, referiu Vânia Caldeira.
Para a médica pneumologista, nas férias, com novas rotinas, muitas vezes são necessários ajustes, devendo serem assegurados horários de sono e refeições regulares nesse período, ainda que diferentes dos horários habituais, e “mesmo com algum atraso na hora de deitar, é importante manter alguma consistência e, perto do regresso, reajustar horários e rotinas para facilitar a transição”.
O período de férias também deve ser uma oportunidade para estar atento ao sono da família, e como referiu Vânia Caldeira, para relevar: “o pai que adormece ao volante, a avó que ressona, a mãe que está sempre com dor de cabeça ou o irmão que está sempre cansado e desatento”. Dado que, “todos estes podem ser sinais de síndrome de apneia obstrutiva do sono (a ocorrência de paragens respiratórias durante o sono)”.
Em tempo de férias e viagens longas a médica pneumologista considera que são necessários alguns cuidados específicos, como “uma boa higiene e quantidade de sono nas noites prévias e um bom planeamento da viagem com pausas programadas e, sobretudo, o reconhecimento precoce de sinais de sonolência (bocejar, pestanejar, enganos ou desvios no trajeto). Hábitos que muitos condutores têm de aumentar o volume do rádio, molhar a cara ou abrir a janela do carro não têm qualquer eficácia demonstrada. O mais importante é reconhecer a sonolência e interromper a viagem. E, posteriormente, procurar ajuda para perceber as causas da sonolência. É sempre importante lembrar que, embora a apneia do sono possa ser uma causa, o motivo mais frequente na população para a sonolência é mesmo o sono insuficiente”.
A SPP relembra algumas recomendações para uma boa noite de sono:
■ Manter o quarto a uma temperatura amena, com roupa de cama e pijama frescos, num ambiente confortável e com bom isolamento da luz.
■ Criar um ambiente de relaxamento ao final do dia, evitando a exposição tardia à luz, e optando por ler um livro ou ouvir uma música calma antes de ir para a cama.
■ Manter algumas rotinas saudáveis, como a prática de exercício físico durante a manhã (uma corrida na praia ou uma caminhada na montanha).
■ Em caso de viagem com vários fusos horários diferentes é importante preparar um ajuste nos tempos de sono nos dias ou semanas antes de forma a facilitar a transição, assegurando uma boa exposição solar no local de destino e horários de sono e refeições regulares para evitar os sintomas de jet-lag
■ É essencial que quem sofre de apneia do sono não dê férias ao seu tratamento – seja o CPAP ou o dispositivo de avanço mandibular – para garantir que dorme bem e pode usufruir das suas férias com mais energia, disponibilidade e boa disposição.












