Doença renal crónica leva APIR à praia com campanha ‘O Rim não Dói’

De 09 a 16 de agosto, a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais lança campanha 'O Rim não Dói', para alertar a população para a doença renal crónica, que não apresenta sintomas na fase inicial.

Doença renal crónica leva APIR à praia com campanha 'O Rim não Dói'
Doença renal crónica leva APIR à praia com campanha 'O Rim não Dói'

O dia-a-dia das pessoas com doença renal crónica passa normalmente por exames e consultas frequentes, alterações e restrições alimentares, cansaço, cãibras, ansiedade, stress e, em muitos casos, necessidade de diálise.

Uma doença que “tem um elevado impacto nas rotinas quotidianas e um impacto emocional, estando associada a altos níveis de ansiedade, stress e depressão”, referiu Paulo Urbano, Presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), citado em comunicado da Associação.

No entanto, a doença além de “ser muito prevalente – atinge quase 10% da população – é pouco conhecida”, afirmou Edgar Almeida, da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN). Para mudar o cenário sobre a doença a APIR a campanha ‘O Rim não Dói’ [#orimnaodoi | orimnaodoi.pt], uma iniciativa que recolhe o apoio científico da SPN e o apoio institucional da biofarmacêutica Boehringer Ingelheim, para reforçar a importância da saúde renal e do diagnóstico precoce.

Uma doença que é um desafio dada “a ausência de sintomas na fase inicial ou sintomas pouco específicos, pouca cultura preventiva, reduzida consciencialização na sociedade em geral, principalmente em grupos de risco, como pessoas com diabetes, hipertensão ou histórico familiar de doença renal e dificuldade de acesso aos cuidados de saúde primários”, explicou Paulo Urbano.

O Presidente APIR acrescentou: “O diagnóstico precoce é um fator determinante para a qualidade de vida do doente renal, pois com um acompanhamento médico adequado e alterações alimentares poderá ser possível evitar ou atrasar a progressão da doença para estádios mais graves, reduzir o aparecimento de comorbilidades, preparar com tempo a opção por um tratamento substitutivo (caso se venha a verificar necessário), facilitando a sua adaptação e minimizando os riscos associados”.

Nesta campanha a APIR vai ter com os portugueses, e neste período de férias, às praias, para melhor os alertar para os cuidados renais.

De 09 a 16 de agosto, ‘O Rim não Dói’ vai estar no dia 9 de agosto na praia da Figueira da Foz, de no dia 11 em Carcavelos, no dia 12 em Sesimbra na Praia de alfarim, dia 14 em Portimão, dia 15 em Quarteira na Praia do Forte Novo e dia 16 em Lagos na Praia Porto Mós.

Doença renal crónica – uma doença silenciosa

“A doença renal crónica é uma condição em que existe lesão renal que persiste por mais de três meses”, esclareceu Edgar Almeida, e acrescentou: “A lesão renal pode manifestar-se pelo aparecimento de proteínas na urina (albuminúria) ou de perda da função depuradora renal, que conduz à acumulação de substâncias no sangue (que deviam ter sido eliminadas pelos rins)”, sendo que “são múltiplos os fatores de risco, mas os mais comuns são a diabetes, a pressão arterial elevada, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo”.

Uma doença silenciosa nas suas fases iniciais, mas que apresenta, ainda assim, sintomas aos quais importa estar atento: “cansaço excessivo e dificuldade de concentração – causados pela acumulação de toxinas no sangue; inchaço (edema) – principalmente nos pés, tornozelos e mãos devido à retenção de líquidos; alterações na urina – aumento ou diminuição na frequência urinária, espuma na urina (indicando a presença de proteínas), ou urina mais escura; hipertensão arterial – este pode ser tanto um fator de risco quanto um sintoma; náuseas e vómitos; comichão (prurido); falta de apetite e perda de peso; cãibras e fraqueza muscular; dificuldade respiratória – nos casos mais graves, o excesso de líquidos pode afetar os pulmões, causando falta de ar, assim como muitos sintomas podem ser confundidos com outras condições”, explicou Paulo Urbano.

Edgar Almeida lembrou que não se sabe qual é a incidência da doença renal crónica nas fases iniciais, mas “o que sabemos é que a sua prevalência em todas as fases (excluindo a diálise e a transplantação renal) é 9,8%, o que representa quase 1 milhão de portugueses. Quando a doença evolui e se torna necessário fazer um tratamento substitutivo – diálise ou transplante renal –, é possível calcular a incidência de novos casos em fase avançada. Em Portugal, em 2024, 2506 pessoas iniciaram diálise, contribuindo para o total de 14.089 pessoas que se encontravam a realizar estes tratamentos (em Portugal, a 31 de dezembro de 2024). Somando a estes números, os casos de transplantação renal e tratamento médico conservador, assistimos a valores de incidência e prevalência dos mais elevados da Europa – incidência de 271,6 por milhão de população (PMP) e prevalência de 2046 PMP”.

Quando a doença se torna sintomática, “já é tarde demais”, confirmou o especialista, que reforçou que “a nossa única esperança é detetá-la nas pessoas com os fatores de risco e iniciar precocemente as intervenções necessárias para atrasar a sua progressão”.

Paulo Urbano explicou que quando a doença renal é crónica, “os rins perderam a maior parte da sua função e a pessoa passa a necessitar de uma terapia substitutiva da função renal, como a diálise ou transplante renal”. No caso de transplante renal, “para ser elegível, o doente deve passar por uma avaliação médica rigorosa, que garanta que está clinicamente apto e estável e tem um bom estado geral de saúde, ou seja, que não tem nenhum impedimento que comprometa o sucesso da cirurgia e do próprio transplante”.

No entanto, “infelizmente, a maioria das pessoas não tem condições clínicas para fazer um transplante renal. A maioria das que iniciam diálise têm mais de 70 anos e muitas outras doenças – cardíacas, vasculares, neoplásicas – que impedem optar pelo transplante”, referiu Edgar Almeida.

Para evitar atingir estas fases, acrescentou Paulo Urbano, é importante a consulta regular a um médico, “fazendo análises de rotina, incluindo creatinina no sangue e taxa de filtração glomerular (TFG), controlar a tensão arterial e a diabetes”, mas também “estar atento ao seu bem-estar geral e manter um estilo de vida saudável”.

O que não se deve esquecer é que “os rins são verdadeiros heróis silenciosos do corpo, trabalhando incansavelmente para filtrar toxinas, equilibrar fluidos e manter o organismo saudável. No entanto, muitas pessoas só começam a pensar na saúde renal quando já começam a dar problemas”. A mensagem essencial é, refere, salientar a importância de “cuidados dos rins antes que eles precisem de cuidados urgentes. Pequenos hábitos diários, como beber água suficiente, manter uma alimentação equilibrada e controlar a pressão arterial, fazem uma diferença enorme na prevenção da doença renal”.