As doenças malignas do sangue, como leucemias, linfomas e mielomas, representam uma parte significativa do panorama oncológico em Portugal, indicou, em comunicado, a Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL).
A APLL referiu que os dados mais recentes apontam que, em 2020, foram diagnosticados em Portugal cerca de 60 mil novos casos de cancro, e destes, aproximadamente 4.700 correspondiam a cancros do sangue ou do sistema linfático, o que corresponde a aproximadamente 8% do total.
Os avanços em medicina têm conduzido a melhores índices de sobrevivência, no caso destes cancros. No entanto, muitos dos diagnósticos destes cancros continuam a ser feitos em fases tardias, porque, indicou a APLL, em grande parte os sintomas são confundidos com situações banais do quotidiano, como stress ou infeções ligeiras.
A APLL tem vindo a alertar para os dez sinais que não devem ser ignorados, tais como: “a fadiga persistente, a febre inexplicada, os suores noturnos intensos, a perda de peso não intencional e o aumento de gânglios linfáticos no pescoço, axilas ou virilhas”. Mas, referiu a APLL, “também pode surgir inchaço abdominal, pelo aumento do baço ou fígado, infeções frequentes ou graves, hematomas ou hemorragias fáceis, anemia – que se manifesta em tonturas, palpitações e palidez –, bem como dores ósseas ou articulares persistentes.”
Mas, “muitos destes sinais são desvalorizados. Dores nas costas e dificuldades de concentração, por exemplo, costumam ser atribuídas a cansaço ou ao ritmo acelerado de vida. Contudo, quando surgem de forma persistente ou associadas a outros sintomas, podem indicar a presença de um mieloma múltiplo.”
E no caso da “perda de peso inexplicada ou os suores noturnos são, muitas vezes, vistos como alterações hormonais ou períodos de maior agitação, mas podem sinalizar um linfoma. O mesmo acontece com dores de garganta recorrentes ou o aparecimento de nódoas negras sem causa aparente, que podem estar ligados a uma leucemia.”
Para a APLL, os dados recentes do Global Patient Survey 2024, da Lymphoma Coalition, reforçam a importância de não ignorar estes sinais: antes do diagnóstico, 40% dos doentes reportaram gânglios aumentados, 36% fadiga persistente e 27% suores noturnos. Estes números demonstram que, muitas vezes, os sintomas estão lá, mas não são valorizados.”
“Cuidar da saúde passa também por estar atento a sinais que se prolongam no tempo e não se deve adiar uma consulta médica perante sintomas persistentes”, referiu Isabel Barbosa, presidente da Direção da APLL.
“Fazer exames de rotina e procurar informação em fontes credíveis são passos simples que podem ter um enorme impacto. O diagnóstico precoce continua a ser a melhor forma de aumentar as hipóteses de sucesso no tratamento e de preservar a qualidade de vida”, acrescentou a presidente da Direção da APLL.
Para a APLL “estar informado e valorizar estes sinais … uma atitude de responsabilidade e de prevenção e que marcar uma consulta perante sintomas persistentes não significa confirmar uma doença maligna do sangue, mas sim garantir que, caso exista, será identificada mais cedo e com melhores perspetivas de tratamento.”
Caminhada das Pontes na Marginal do Douro
A APLL, para reforçar a mensagem de sensibilização para as doenças malignas do sangue, promove no dia 27 de setembro, a 3.ª edição da Caminhada das Pontes. A iniciativa terá início às 10h00, com ponto de encontro na Ponte do Freixo, Porto, e uma caminhada por um percurso de 4 km até ao Horto das Virtudes.
Trata-se de uma iniciativa que tem o objetivo de reunir doentes, cuidadores, profissionais de saúde e população em geral num momento de partilha e consciencialização. O percurso é adaptável ao ritmo de cada participante e conta com a entrega de um kit constituído por t-shirt, saco e água. A manhã termina em Miragaia, com uma aula de Zumba, a partir das 11h30.
A inscrição na iniciativa com o custo de cinco euros pode ser feita via online ou no centro de atividades da APLL, mas os participantes poderão inscrever-se no próprio dia da caminhada.
