Parlamento Europeu quer reforço da ajuda às vítimas do terramoto no Afeganistão

Parlamento Europeu quer reforço da ajuda às vítimas do terramoto no Afeganistão
Parlamento Europeu quer reforço da ajuda às vítimas do terramoto no Afeganistão. Foto: © UE

O Parlamento Europeu está de acordo que deverá haver uma coordenação de esforços para ajudar as todas as vítimas do terramoto no Afeganistão, mesmo considerando que as políticas discriminatórias do regime estejam a dificultar a prestação de ajuda.

Em resolução aprovada por 504 votos a favor, 74 contra e 30 abstenções, o Parlamento Europeu apela a uma resposta mais forte da ajuda de emergência na sequencia do recente terramoto que atingiu Kunar, no Afeganistão.

No dia 31 de agosto de 2025, um sismo de magnitude 6,0 atingiu a província de Kunar, no leste do Afeganistão, causando mais de 2.200 mortes e milhares de feridos, e destruindo mais de 6700 casas.

Entretanto, a União Europeia (UE) e os seus Estados-Membros têm sido uns dos maiores doadores de ajuda humanitária para o Afeganistão. Com um milhão de euros de financiamento de emergência, para além dos 161 milhões de euros de ajuda humanitária já atribuídos em 2025.

Os eurodeputados mostraram-se preocupados com a situação humanitária nas províncias de Kunar e Nangarhar, e defendem uma resposta de emergência mais forte que às populações gravemente atingidas e insuficientemente apoiadas. O Parlamento Europeu considera que a Comissão Europeia deve “aumentar urgentemente o apoio da UE às necessidades básicas” do país, independentemente de considerarem que regime talibã possa cometer “crime contra a humanidade”.

O Parlamento Europeu também denuncia “o abandono deliberado a que o regime talibã condenou as mulheres e as raparigas vítimas” do terramoto e “exorta a UE a apoiar o reconhecimento do apartheid de género como crime contra a humanidade”.

Constatando que os controlos impostos pelo regime que dificultam significativamente as entregas de ajuda às mulheres e raparigas, os eurodeputados apelam às autoridades do Afeganistão para “levantarem todas as restrições que limitem o acesso à ajuda humanitária ou a sua distribuição”.

As numerosas restrições e políticas discriminatórias com base no género que impedem as mulheres afegãs de aceder à educação, à formação médica, aos cuidados de saúde e ao trabalho humanitário, equivale a um “apartheid de género”. Assim, a UE deve apoiar o reconhecimento do apartheid de género como um crime contra a humanidade e trabalhar para que sejam levantadas as restrições impostas às trabalhadoras humanitárias e às mulheres ao serviço das organizações da sociedade civil. O Parlamento Europeu também indicou que condena a recente decisão dos talibãs de bloquear o acesso à Internet a nível nacional, causando perturbações generalizadas.

Os eurodeputados também condenam a violência persistente contra as mulheres, incluindo a violação, a violência sexual e os casamentos forçados de crianças no Afeganistão. Para aumentar a pressão sobre os dirigentes talibãs responsáveis por violações dos direitos humanos, a União Europeia e os Estados-Membros, os eurodeputados indicam que devem ser adotadas sanções específicas, congelamento de bens e proibição de viajar, bem como não retomar contactos diplomáticos com o regime.

Mais, lembram os eurodeputados com preocupação que os defensores dos direitos humanos, jornalistas e outras figuras públicas que apoiaram o desenvolvimento democrático no Afeganistão continuem à espera, no Paquistão, que os seus pedidos de asilo da UE sejam tratados.