Estudo recente, publicado na revista “Nature Microbiology”, revelou informações cruciais sobre os padrões de disseminação do poliovírus tipo 2 derivado da vacina (cVDPV2). O estudo fornece dados que apoiam os esforços globais para a erradicação da poliomielite.
Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, sigla em inglês) do Reino Unido esclareceu que o poliovírus derivado da vacina surge em casos raros quando o vírus atenuado da vacina oral contra a poliomielite sofre mutação e recupera a capacidade de causar paralisia. Embora o poliovírus selvagem tenha sido praticamente erradicado globalmente, com o tipo 1 agora confinado a apenas dois países (Paquistão e Afeganistão), os surtos de cVDPV2 tornaram-se um grande desafio para a erradicação completa da poliomielite.
Liderada pelo Imperial College London e apoiada pela MHRA do Reino Unido, a investigação que incluiu cientistas do Grupo de Vacinas, Ciência e Investigação da MHRA, analisou 3.893 casos de cVDPV2, em 74 surtos, em 39 países, entre maio de 2016 e setembro de 2023.
A investigação revelou que o poliovírus derivado da vacina espalha-se a uma velocidade mediana consistente de 2,3 quilómetros por dia, predominantemente entre países vizinhos.
Embora a maioria dos surtos permaneça relativamente controlada – com uma mediana de apenas 4,5 casos – alguns espalharam-se amplamente, afetando até 14 países. Os cientistas verificaram que as fronteiras internacionais retardam significativamente a transmissão, provavelmente devido aos níveis mais elevados de imunidade gerados pelas campanhas de vacinação, reduzindo potencialmente a velocidade de propagação até 38%.
A investigação também permitiu verificar que os padrões históricos de disseminação do poliovírus selvagem assemelham-se muito às rotas de transmissão atuais do cVDPV2, com a movimentação sendo amplamente sustentada por um fluxo unidirecional entre países adjacentes.
“Este estudo, que examina amplos padrões epidemiológicos em vários países, fornece informações cruciais para direcionar estratégias de resposta rápida e melhorias à vigilância da poliomielite. Compreender os padrões históricos de disseminação ajuda a prever e prevenir futuros surtos, à medida que os esforços globais de erradicação da poliomielite continuam”, referiu Javier Martin, chefe do Laboratório de Poliomielite da MHRA e coautor do estudo.
Para os cientistas as descobertas têm implicações significativas para as estratégias de resposta a surtos. Pois, ao compreender-se a velocidade e os padrões de disseminação do vírus, as autoridades de saúde podem prever melhor o alcance geográfico ao planejar campanhas de vacinação, possibilitando medidas preventivas mais proativas em regiões vizinhas.
Os principais investigadores do estudo sugerem que a atual abordagem reativa – a implementação de campanhas de vacinação após a deteção de casos – poderia ser melhorada com campanhas preventivas em países vizinhos com baixos níveis de imunidade.














