Doentes com cancro avançado beneficiam com caminhadas

Doentes com cancro avançado têm aumento de qualidade de vida quando praticam caminhadas de 30 minutos, três vezes por semana. É o resultado de um estudo da Universidade de Surrey, já publicado na revista BMJ Open.

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Investigadores da Universidade de Surrey em colaboração com a Florence Nightingale Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia , King’s College London investigaram o impacto de caminhadas sobre a qualidade de vida e a gravidade dos sintomas em pacientes com cancro avançado.

A atividade física geralmente diminui de forma considerável durante o tratamento e mesmo depois permanece baixa, apesar da crescente evidência de benefícios significativos para a saúde o exercício físico para pacientes com cancro. Os benefícios para a saúde de uma caminhada estão bem documentados. A caminhada melhora a força cardiovascular e aumenta dos níveis de energia.

Um dos fatores que pode ser restritivo à prática de exercício físico é a necessidade da atividade física dos doentes com cancro ser normalmente supervisionada e assim exigir a deslocação para instalações especializadas, o que coloca um peso adicional sobre os pacientes.

Esta nova investigação envolveu 42 doentes com cancro divididos em dois grupos. Um dos grupos recebeu treino (iniciativa da Macmillan Cancer) que incluiu uma curta entrevista motivacional, a recomendação para andar pelo menos 30 minutos em dias alternados e para se integrar num grupo de voluntários para fazer a caminhada semanalmente. O segundo grupo foi encorajado a manter o mesmo nível de atividade que vinha exercendo até ao momento.

Os investigadores descobriram que os doentes do grupo das caminhadas relataram uma melhoria no bem-estar físico, emocional e psicológico. Muitos participantes notaram que caminhar lhes proporcionou uma melhor atitude positiva em relação à doença e benefícios sociais ao participar em passeios em grupo.

Comunicado da Universidade de Surrey refere que um dos participantes comentou: “O impacto foi imenso! Deu-me a motivação para aumentar a atividade de 3 para 4 horas por semana, mas também para reduzir o peso e alterar a dieta, reduzindo doces e açúcares”.

Emma Ream, investigadora, coautora do estudo, professora de apoio ao cancro e diretora de investigação da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Surrey, referiu: “A importância do exercício na prevenção da recorrência do cancro e na gestão de outras doenças crónicas está a tornar-se clara”.

A investigadora indica que os resultados do estudo mostram que o exercício é benéfico para as pessoas com cancro avançado, pelo que recomenda que os doentes com cancro avançado em vez de fugirem à prática de exercício “devem ser incentivadas a ser mais ativas e incorporar o exercício nas suas vidas diárias, sempre que possível”.

Para Jo Armes, investigador principal e professor sénior na Florence Nightingale Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, King’s College London, este novo estudo é um primeiro passo na investigação de que andar pode ajudar as pessoas que vivem com cancro avançado.

Caminhar é uma forma livre e acessível de atividade física, “e os pacientes relataram que isso fez uma diferença real na sua qualidade de vida”, indicou Jo Armes, no entanto o investigador lembra que é necessário mais estudos, envolvendo um maior número de doentes, “para fornecer evidência definitiva de que caminhar melhora os resultados de saúde e bem-estar social e emocional”, de um determinado grupo de doentes.