
A indústria farmacêutica foi diretamente afetada pela negociação comercial geopolítica entre os EUA e a União Europeia (UE), com o Presidente dos EUA anunciar em 27 de julho de 2025, uma tarifa de 15% sobre produtos farmacêuticos de marca importados da UE. Da análise a elaborada pela empresa especializada em estudos de mercado, GlobalData, o acordo irá colocar a indústria farmacêutica europeia numa situação de risco que vai além do financeiro de curto prazo.
O acordo aceite pela União Europeia rompe uma prática antiga de isenção de tarifas para medicamentos devido à sua importância para a saúde pública. Neste caso irá forçar as empresas farmacêuticas a escolher entre reduzir as margens de lucro ou um aumento dos preços dos medicamentos no consumidor. Como refere a GlobalData, ambos os caminhos representam um risco para o acesso dos pacientes e para as relações entidades que suportam os encargos com os medicamentos.
A imposição de tarifas ameaça elevar os custos em toda a cadeia de valor farmacêutica, criando incerteza no planeamento de lançamento de produtos no mercado, especialmente os que estão em estágio avançado de fabrico e produção baseadas na UE e planeadas para entrar nos EUA.
Os analistas da equipa de Inteligência Estratégica Farmacêutica da GlobalData, comentam: “As empresas que fabricam produtos farmacêuticos na Europa precisarão antecipar a exposição financeira ao planear lançamentos nos EUA devido à dinâmica desfavorável do bruto para o líquido, à alavancagem de preços enfraquecida com os compradores dos EUA e à absorção comercial mais lenta, à medida que as seguradoras reavaliam a relação custo-benefício devido às tarifas.”
Os orçamentos para Investigação e Desenvolvimento das empresas farmacêuticas já estão debaixo de pressão e podem ser ainda mais pressionados, pois podem ter de desviar verbas para combater o impacto das tarifas. Isso pode prejudicar a inovação e o investimento em pipeline, reduzindo o ritmo, tão necessário, de inovação terapêutica em todo o setor.
Os analistas da GlobalData indicam que desde o início do ano, os EUA sinalizaram tarifas para produtos farmacêuticos, o que foi respondido com investimentos proativos de grandes empresas farmacêuticas americanas na produção local para reduzir a exposição. Nos últimos meses, várias grandes empresas farmacêuticas, incluindo a Johnson & Johnson e a AstraZeneca, investiram significativamente para fortalecer as posições de produção nos EUA.
A equipa de analistas conclui: “Em última análise, o recente acordo comercial entre EUA e UE aumentou o nível de incerteza na indústria farmacêutica, levantando preocupações sobre a possibilidade de aumentos tarifários acima de 15% no futuro. Um setor antes protegido está enfrentando uma mudança geopolítica, deixando a indústria farmacêutica vulnerável à volatilidade global. Embora o impacto total leve tempo para se concretizar, será interessante ver a adoção de diferentes estratégias sobre como a indústria farmacêutica procura equilibrar a inovação e a garantia do acesso dos pacientes, ao mesmo tempo em que que é feita a gestão das pressões tarifárias à medida que se concretizam.”













