Alterações climáticas é um dos seis desafios atuais da juventude

“Nós já vivemos em emergência climática não temos é muitas vezes a coragem de o declarar politicamente” referiu Marcelo Rebelo de Sousa na Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, que decorre em Lisboa.

Alterações climáticas é um dos seis desafios atuais da juventude
Alterações climáticas é um dos seis desafios atuais da juventude. Foto: © TVEuropa

Na abertura da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e do Fórum da Juventude “Lisboa+21” o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu-se aos atuais desafios juventude, passados 21 anos da primeira conferência mundial dos ministros da juventude, em 1998, em Lisboa.

Mas quais são os desafios da juventude de hoje? Questionou o Presidente e acrescentou: “Aqueles que eu sinto nos meus alunos, nos meus filhos, nos meus netos” são seis, e passou a descreve-los:

Primeiro desafio: “as desigualdades não despareceram. Umas melhoraram outras pioraram. As desigualdades continuam a criar guerras, miséria, opressão, pobreza, racismo, exclusão do género, xenofobia e populismo. Desigualdades no mundo, desigualdades nos continentes, desigualdades nos países, desigualdades nas regiões.

Segundo desafio: “as alterações climáticas. Há vinte e um anos já existiam, mas hoje sabemos mais, queremos mais, exigimos mais. Quando lá fora alguns manifestantes defendiam a declaração da situação de emergência climática eles diziam uma realidade óbvia. Nós já vivemos em emergência climática, não temos é muitas vezes a coragem de o declarar politicamente”.

Terceiro desafio: “a revolução digital. Há vinte e um anos a revolução digital era um princípio de um caminho, agora impõe novas formas de trabalho, novas tecnologias, novos processos sociais, novas dinâmicas económicas, inclui uns e exclui outros, cria desigualdades tecnológicas e científicas. Temos de enfrentar esse desafio sem excluir ninguém. Sem excluir os mais jovens, sem excluir os mais velhos”.

Quarto desafio: “a demografia. Nalguns continentes continua a crescer a população rapidamente, noutros começa a declinar, noutros como na Europa cai a pique. Há contrastes que não são só problemas para os mais velhos, são problemas para os jovens, porque criam clivagens de idade, criam clivagens sociais, criam discursos diferentes, criam atitudes opostas. Os jovens não compreendendo o mundo que herdam. Os mais velhos sentindo-se num gueto no final da sua vida.

Quinto desafio: “os sistemas políticos fechados. Esperava-se que os sistemas políticos se abrissem à participação de todos, à participação dos jovens. Os jovens participam cada vez mais online mas participam cada vez menos offline. Sentem que os sistemas políticos clássicos não lhes dizem nada, sentem-se excluídos, sentem-se marginalizados.

Sexto desafio: “o mundo que devia andar para a frente nos últimos anos andou para trás quanto ao multilateralismo. Devia andar para a frente com mais solidariedade, com mais cooperação, com mais multilateralismo. E o que vemos nós? Egoísmo, unilateralismo, protecionismo, guerras de influência, poderes económicos, sociais e políticos que por razões de afirmação externa ou por razões eleitorais internas não querem multilateralismo. Sem multilateralismo não é possível viver no mundo de hoje e de amanhã. Nenhum país, nem mesmo os mais poderosos do mundo podem viver sozinhos. Ninguém vive numa ilha. O mundo não permite ilhas. Vivemos todos em conjunto”.

O presidente concluiu referindo: “São estes seis desafios que todos sentimos, mas que os jovens sentem de modo especial, e não compreendem, e perdem a paciência para esperar, e ficam ansiosos, e desejam mais e sonham com mais, por isso a declaração de Lisboa de 98 numa parte foi ultrapassada e por isso é bom que seja aprovada a nova declaração de Lisboa, porque os tempos são outros, porque a aceleração é outra, porque o mundo é mais global, porque é preciso olhar para a frente e não fazer como já foi dito uma conferencia de 21 em 21 anos”.