
A apanha e comercialização de ameijoa contaminada, conhecida por amêijoa-de-manila ou amêijoa-japonesa, é proibida e um risco para a saúde quando introduzida no setor alimentar. As autoridades policiais espanholas e portuguesas têm vindo a tomar medidas decisivas contra criminosos envolvidos neste tipo de infração no rio Tejo.
A Europol descreve, em comunicado, que o Serviço de Proteção da Natureza da Guarda Civil Espanhola, a Autoridade Portuguesa de Segurança Alimentar e Económica e a Polícia Marítima, com o apoio de peritos da Europol em crimes ambientais, prenderam 11 indivíduos suspeitos de terem obtido pelo menos 1,6 milhão de euros em lucros apenas em 2025, com crimes com amêijoa japonesa.
Em dois dias de ação das autoridades foram apreendidas mais de sete toneladas de amêijoas japonesas, avaliadas em pelo menos 150.000 euros.
A investigação, que teve o apoio da Europol foi iniciada em abril de 2025, e resultou em dois dias de operação a 23 e 24 de junho e em 30 de julho de 2025. Para além da prisão de 11 suspeitos, as autoridades apreenderam 7 veículos. Agora, os suspeitos podem enfrentar acusações como crimes ambientais, “lavagem” de dinheiro, fraude documental, além de fraude alimentar e de saúde pública
Ação criminosa com amêijoas contaminadas
Como descreve a Europol na região fronteiriça entre Portugal e Espanha amêijoa japonesa é capturada ilegalmente no rio Tejo e o modus operandi criminoso é simples: a recolha ilícita da amêijoa é de seguida mantida viva em recipientes de água para posteriormente ser introduzida no mercado legal.
A ameijoa é colocada no mercado com recurso a documentação falsa, contornando as medidas administrativas e de fiscalização sanitária. Normalmente, as amêijoas são distribuídas no setor alimentar em Portugal, Espanha e até em França e Itália, colocando em sério risco a saúde dos consumidores, dado que as amêijoas contaminadas podem causar intoxicação alimentar, gastroenterite ou hepatite.
Crime lucrativo na pesca ilegal
As autoridades estimam que o lucro total do negócio ilegal com ameijoa pode chegar a uma média de 2,5 milhões de euros, por semana. O dinheiro é “lavado” de diversas maneiras, nomeadamente através da compra e revenda de veículos de luxo.
No entanto, as atividades dos suspeitos vão muito além dos crimes ambientais, mas envolvem o tráfico de seres humanos – frequentemente migrantes irregulares – para exploração laboral na pesca o que é uma ocorrência regular. A Europol refere que as autoridades acreditam que os migrantes ilegais são forçados a trabalhar e que apenas recebem dos criminosos um ou um e meio euros por quilo de marisco.













