Benefícios e riscos do Pokémon Go

Pokémon Go tornou-se num fenómeno pela rápida adesão. As caraterísticas do jogo levam ao uso de equipamento móvel e a constante mobilidade do jogador. A conjugação do real com o mundo virtual trás vários desafios, incluindo benefícios e riscos para a saúde do jogador.

Benefícios e riscos do Pokémon Go
Benefícios e riscos do Pokémon Go. Foto: Rosa Pinto

O Pokémon Go pode vir a ter significativos impactos para a saúde. Se por um lado a aplicação da Niantic trouxe a vantagem de levar as pessoas a praticar exercício físico no exterior, por outro lado, a forma como utilizamos os equipamentos pode levar a posturas incorretas que levem a lesões, nomeadamente ao nível do pescoço.

O alerta é feito pela associação nacional Spine Matters que lembra que, pelas caraterísticas que envolve a aplicação, os jogadores de Pokémon Go correm o risco de vir a sofrer quedas, tropeções, entorses e encontrões, e assim prevê “um aumento de lesões nos jogadores mais focados”.

Para o ortopedista Luís Teixeira, presidente da Spine Matters, é positivo que um jogo esteja a colocar as pessoas em movimento ao ar livre, mas lembra que “é preciso fazê-lo de forma muito mais consciente do meio envolvente”, dado que é um meio que potencia a ocorrência de “entorses, ossos partidos ou outro tipo de lesões mais graves”.

Os riscos da concentração quase exclusiva num ecrã, remetendo para segundo plano o mundo real, são conhecidos, e têm vindo a ser chamados de ‘pescoço de SMS’, uma designação que, refere a Spine Matters, poderá ser atualizada para ‘pescoço de Pokémon Go’.

“Estudos revelaram que a força exercida no pescoço de um adulto a olhar para o telemóvel pode variar entre os 12 e os 27 quilos, e sofre uma inclinação entre 15 a 45 graus”, refere o especialista em ortopedia, e acrescenta que os valores correspondem a “uma pressão extrema para esta zona, que pode levar a um desgaste precoce, degeneração e até a cirurgias”.

A situação de risco existe quando diariamente consultamos o correio eletrónico e as redes sociais, ou no envio de SMS. O Pokémon Go está a trazer um “aumento dos riscos associados a esta exposição”, esclarece Luís Teixeira.

Para a Associação Spine Matters devem ser aproveitados os benefícios que eventualmente possam ser retirados com o fenómeno Pokémon Go, e os riscos devem ser minimizados. Neste sentido recomenda “que a caça aos pokémons seja realizada pelo menos a pares, estando sempre um dos elementos encarregue de lembrar o outro de fazerem pequenas paragens ao longo da busca, para um descanso de alguns minutos, numa posição correta, de pescoço erguido. Minutos que também podem ser aproveitados para a realização de alguns exercícios posturais simples”.

Apesar dos riscos inerentes à utilização continuada de smartphones, a Associação elogia a iniciativa que levou milhares de jovens a praticar exercício físico no exterior, e incentiva a Niantic a produzir mais jogos semelhantes.