Biosílica para cosmética extraída da cana-de-açúcar resulta de investigação portuguesa

Com aplicação na indústria cosmética, a biosílica extraída da cana-de-açúcar é o resultado de investigação pela Universidade Católica em parceria com a empresa a Amyris Bio Products Portugal, com financiamento do Portugal2020 e FEDER.

Biosílica extraída da cana-de-açúcar resulta de investigação portuguesa
Biosílica extraída da cana-de-açúcar resulta de investigação portuguesa. Manuela Pintado, investigadora, UCP. Foto: DR

A primeira biosílica extraída da cana-de-açúcar com aplicação na indústria cosmética foi desenvolvida por investigadores do laboratório associado CBQF, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP) em conjunto com a empresa Amyris Bioproducts, Lda.

O produto, desenvolvido no âmbito do projeto Alchemy, financiado pelo Portugal2020 e FEDER, é o primeiro que resulta de um dos maiores projetos de investigação na área da biotecnologia, que valoriza resíduos em contexto de economia circular e que vem da parceria estratégica entre a UCP, a empresa Amyris Bio Products Portugal e do Governo, através da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

A biosílica, lançada a nível mundial pela empresa norte-americana Aprinnova, é sustentável dado ser obtida a partir de cinzas de cana-de-açúcar, provenientes da queima de subprodutos das indústrias produtoras de açúcar para geração de energia, incluindo as folhas resultantes do processo da colheita da planta e do bagaço, material fibroso obtido após extração do xarope de açúcar.

O novo ingrediente é o primeiro do mundo a ser criado com base em recursos sustentáveis, e poderá ser usado na indústria cosmética, tornando-se uma alternativa sustentável e com melhor desempenho à sílica tradicional, extraída da areia, um recurso com intensa exploração no planeta.

A biosílica mostra como a ciência pode ajudar a valorizar o desperdício de qualquer indústria, a salvaguardar a sustentabilidade dos recursos mundiais e, paralelamente, a promover uma “beleza limpa”, ao permitir o desenvolvimento de cosméticos limpos e seguros.

A UCP lembra que a indústria da beleza/estética produz milhões de toneladas de resíduos, desde o fornecimento de ingredientes até à criação da embalagem do produto. O produto será comercializado pela Aprinnova, empresa norte-americana líder no campo da biotecnologia aplicada à cosmética sustentável e parceira da Amyris.

O projeto Alchemy, lançado em 2018, tem como objetivo principal estudar e desenvolver novas aplicações para os subprodutos/resíduos dos processos de fermentação da Amyris e da produção de cana-de-açúcar, para potenciar o desenvolvimento de novas moléculas de elevado interesse comercial, com destaque para a indústria da cosmética, mas também para nutrição animal e humana, novos materiais e farmacêutica, lembra a UCP.

A Universidade lembra ainda que o projeto tem ainda como objetivo a promoção da transferência de tecnologia que se traduzirá num crescimento de competitividade das empresas na área da bioeconomia, e acrescenta que este projeto de investigação materializa-se num centro de competências de excelência em biotecnologia, o que promove Portugal na linha da frente nas áreas da bioeconomia e economia circular.