China abre a primeira Faculdade dedicada à Língua Portuguesa

A expansão dos negócios chineses no espaço da lusofonia tem aumentado o interesse pela língua portuguesa. Daniel Bastos, neste seu artigo, lembra a criação, em Pequim, da primeira Faculdade dedicada à Língua Portuguesa.

Daniel Bastos, Historiador e Escritor
Daniel Bastos, Historiador e Escritor. Foto: DR

Recentemente, a imprensa nacional e lusófona destacou nas páginas dos seus órgãos de informação, que a China, o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais de 1,38 bilhão de habitantes, quase um quinto da população da Terra, e presentemente a segunda maior economia do mundial, abriu no seu território continental a primeira Faculdade dedicada à Língua Portuguesa.

Designadamente, a Faculdade de Estudos Hispânicos e Portugueses da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim. Ainda que, fosse já na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, uma das universidades de estudos estrangeiros mais antigas e prestigiadas da China, que estivesse implementado o mais antigo departamento de ensino do português na China continental, aberto na década de 1960, este redimensionamento académico permite desde logo um aumento do orçamento para contratação de corpo docente, e um incremento na organização de atividades e palestras.

Contexto que vai seguramente impulsionar, ainda mais, que milhares de chineses aprendam português, atualmente a quarta língua mais falada no mundo. Como aponta Guiming Sun na sua tese de mestrado “Estudantes universitários chineses de Português Língua Estrangeira: Percursos de estudo, escolhas e desafios no mercado de trabalho”, nos últimos anos “devido ao desenvolvimento do mercado dos negócios sino-lusófonos, as relações de cooperação mútua têm vindo a ficar cada vez mais estreitas entre a China e os países lusófonos, o que provoca uma grande procura de pessoas que falem simultaneamente mandarim e português”.

De facto, o crescente papel da China no desenvolvimento global, como por exemplo em Portugal, o sétimo país europeu em termos de investimento chinês na Europa e que se constitui como uma porta de entrada chinesa no Velho Continente. Assim como na América Latina, como é o caso do Brasil, o maior país lusófono, e o reforço do envolvimento económico chinês em Angola, a maior economia lusófona africana, tem levado milhares de jovens chineses a aprenderem português, uma língua que se começa a assumir como indispensável para o sucesso no numeroso mercado de emprego chinês.

A Língua Portuguesa representa deste modo um ativo estratégico no reforço dos laços económicos, mas também socioculturais, entre o mundo lusófono e a China, laços que reavivam cada vez mais a expressão pessoana a “Minha pátria é a língua portuguesa”.

Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor