Conjuntivites: como distinguir as virais, as alérgicas, e as de COVID-19

A conjuntivite pode ser de natureza viral ou alérgica e também pode ser um sintoma de COVID-19. O oftalmologista Nuno Campos, da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, alerta para a necessidade de identificar as conjuntivites e para o tratamento.

Conjuntivites: como distinguir as virais, as alérgicas, e as de COVID-19
Conjuntivites: como distinguir as virais, as alérgicas, e as de COVID-19. Foto: © Rosa Pinto

No início de março de 2020 a American Optometric Association e a American Academy of Ophthalmology, bem como um estudo de investigadores da Universidade de Indiana, nos EUA, recomendavam que os profissionais de saúde de oftalmologia deveriam procedam a uma análise da situação do paciente quando este apresentasse uma conjuntivite, dado que a doença poderia ser um dos sintomas de COVID-19.

Nuno Campos, oftalmologista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) vem confirmar a conjuntivite como um dos possíveis sintomas de COVID-19, e indica “ser impossível distingui-la, só pelos sintomas oculares, de outras conjuntivites virais”, e que a mesma é não frequente.

Sintomas e tratamento de conjuntivite

O oftalmologista esclarece que “todos os outros sintomas respiratórios, a febre e a existência de contactos de risco, podem levantar a suspeita que poderá ser confirmada por teste laboratorial”.

Nesta altura é muito comum a ocorrência de conjuntivites alérgicas. Neste caso o oftalmologista lembra que a conjuntivite alérgica “surge normalmente em doentes já com história conhecida de doença alérgica, tendo normalmente um padrão sintomático habitual e bilateral”.

Os sintomas são fáceis de identificar, indica Nuno Campos, e são: “prurido, lacrimejo persistente e vermelhidão ocular, com pouca ou nenhuma secreção, e pouca afetação da visão”, e são “muitas vezes episódios que se repetem, ano após ano, de forma crónica, e que são tratados com anti-histamínicos tópicos, lágrima artificial e, mais raramente, com colírios de corticoides, nos casos mais graves, sendo a evolução muito favorável em poucos dias”.

No caso das conjuntivites virais costumam surgir de forma mais súbita, “inicialmente unilateralmente, podendo, numa fase mais avançada, envolver ambos os olhos, com vermelhidão mais marcada, maior compromisso da visão, incómodo já com alguma sensação de dor, secreção mais abundante, embora não purulenta”.

Cabe ao oftalmologista, através da observação em consulta, fazer o diagnóstico e decidir qual o melhor tratamento que, “no caso da conjuntivite viral, é essencialmente sintomática e de suporte, já que não há tratamento específico”, esclarece Nuno Campos.

Em Portugal as conjuntivites alérgicas são relativamente comuns, “sem gravidade significativa e não são transmissíveis, sendo a conduta defensiva o evitar os alergénios conhecidos, aos quais se seja sensível”, enquanto as virais, essas “são bastante contagiosas, sendo comum variados elementos da mesma família serem afetados, e de uma forma muito rápida”.

O especialista da SPO indica ser “totalmente seguro consultar, mesmo na fase de contingência que vivemos, o seu médico oftalmologista, que está disponível para observar casos prioritários, ou procurar uma urgência de Oftalmologia, estando todas a funcionar normalmente e de forma completamente segura”.