Enfermeiros querem urgente reforma estrutural no SNS

Enfermeiros, através do Sindicato SITEU, consideram urgente avançar com a reforma estrutural no SNS. Os prémios atualmente oferecidos aos enfermeiros no contexto da pandemia de COVID-19 são uma tentativa de calar as críticas dos profissionais de saúde.

Enfermeiros querem urgente reforma estrutural no SNS
Enfermeiros querem urgente reforma estrutural no SNS. Foto: DR

O SITEU – Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos referiu, hoje, em comunicado que lamenta que tenha sido aprovado o orçamento suplementar sem ser considerada a reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Uma decisão que considera ser mais uma oportunidade perdida no campo do SNS.

Gorete Pimentel, presidente da direção do SITEU, referiu, citada em comunicado, “estar verdadeiramente preocupada com o discurso, com a forma e com o conteúdo. Estamos preocupados porque os partidos políticos não ouvem nem querem ouvir o que os enfermeiros têm para dizer porque não lhes interessa verdadeiramente, o que importa é o show para a opinião pública”.

O SITEU considera que os prémios oferecidos aos enfermeiros “não são mais do que uma tentativa de calar as críticas que os profissionais de saúde em geral, e os enfermeiros em particular, têm feito à atual situação do SNS. São críticas antigas de problemas que se arrastam há décadas”.

“Os enfermeiros não querem prémios pelo risco e penosidade da pandemia da COVID-19. Os enfermeiros querem que a profissão de enfermagem seja reconhecida por aquilo que ela é, uma profissão de risco e com grande penosidade, uma verdade que esta pandemia veio confirmar. Os políticos sabem-no, tal como sabem que o SNS precisa de uma mudança radical, de financiamento e de gestão”, refere o comunicado do SITEU.

Para Gorete Pimentel “os prémios aprovados no parlamento servem para esconder o que verdadeiramente se passa de mais grave no SNS, a falta de recursos humanos, as listas de espera das cirurgias, os contratos de prestação de serviços pelos privados, a promiscuidade entre público e privado, a situação das USF do modelo B. Uma realidade que nenhum partido político parece querer enfrentar ainda que a situação se agrave a cada dia.”

O Sindicato refere que mantém as suas reivindicações para uma carreira igual para todos os enfermeiros que trabalham no SNS, o descongelamento dos salários dos enfermeiros, tendo em conta que cerca de 60% de enfermeiros que não viram um único cêntimo de descongelamento, a revisão da avaliação de desempenho profissional e da nota atribuída ao abrigo do SIADAP, nomeadamente as injustiças e os favorecimentos individuais que esta avaliação promove.

Em face do exposto pelo Governo sobre atribuição de prémio remuneratório a todos os enfermeiros que estiveram na linha da frente no período da situação de emergência a presidente da direção do SITEU exige um prémio idêntico para todos os enfermeiros “incluindo aqueles que trabalham em Instituições de Solidariedade Social, nomeadamente em lares”.

A exigência tem por base de que “nenhum enfermeiro deixou de trabalhar nesta época de pandemia. Mais diretamente ou não, todos os enfermeiros foram afetados nos seus locais de trabalho pela alta transmissão do vírus, afetados fisicamente ou psicologicamente. Todos os locais de trabalho tiveram potenciais infetados, todos os enfermeiros estiveram no olho do furacão, tiveram férias canceladas, tiveram mobilização dos seus locais de trabalho, alteração dos seus horários de trabalho, uma carga horária muito superior diariamente à permitida por lei, e todos os enfermeiros disseram presente”.