Envelhecimento ativo pode ser oportunidade de desenvolvimento

Aumento de esperança de vida pode colocar em causa a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e seus financiamentos. Neste caso o envelhecimento ativo tornou-se uma importante ferramenta política.

Heinz Koller, Diretor Regional da Organização Internacional do Trabalho para a Europa e Ásia Central
Heinz Koller, Diretor Regional da Organização Internacional do Trabalho para a Europa e Ásia Central. Foto: TVEuropa

O progresso da medicina e a melhoria das condições de salubridade têm vindo a permitir uma vida mais longa, mas à medida que a população mundial envelhece e a esperança de vida aumenta têm vindo a diminuir as taxas de fertilidade, especialmente nos países ocidentais industrializados.

Heinz Koller, Diretor Regional da Organização Internacional do Trabalho para a Europa e Ásia Central, na sua comunicação na Conferência Ministerial da UNECE sobre o envelhecimento, que se realizou em Lisboa, nos dias 21 e 22 de setembro, referiu que “a proporção de pessoas com idades iguais e superiores a 65 anos e as pessoas com idades entre os 15 e 64 anos, cresceu significativamente ao longo das últimas décadas e deve continuar a crescer nos próximos 15 anos.”

“A participação dos trabalhadores mais velhos, com mais de 55 anos, aumentou de 10,5% em 1990 para 14,3% em 2014, e de acordo com as previsões, poderá atingir 18% até 2030, passando a haver 750 milhões de trabalhadores com idade avançada em comparação com os cerca de 480 milhões de hoje”, sublinhou Heinz Koller.

Envelhecimento ativo é uma oportunidade para as pessoas e para a sociedade

Muitos consideram o envelhecimento ativo como uma oportunidade para as pessoas e para a sociedade, e os diversos países têm vindo a implementar variadas reformas. Em especial alguns Estados-Membros da União Europeia têm recorrido a diversas ‘receitas’ como estender o tempo de trabalho, adiando a idade de reforma. Mas “esta questão da idade da reforma é altamente controversa em todos os países”.

No entanto, quando “a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e seus financiamentos são questionados, o envelhecimento ativo tornou-se uma importante ferramenta política”, e “os incentivos para reformas antecipadas foram gradualmente eliminados, e as idades de aposentação de mulheres e homens foram equiparadas em vários países.”

De entre as soluções para o envelhecimento da força de trabalho surge a migração laboral e a promoção da participação feminina no mercado de trabalho, que neste caso pode ser um instrumento contra a pobreza devido à possibilidade de receber benefícios de proteção social, maternidade e assistência à infância e também a possibilidade de conciliar trabalho e família. O trabalho não remunerado realizado principalmente por mulheres, deve ser reconhecido nomeadamente para efeito de aposentação.

Na União Europeia a taxa de emprego dos trabalhadores mais velhos, com idades na faixa etária dos 55 a 64 anos variou em média de 53,3% em 2015, e 55,3% em 2016, em comparação com a taxa de 66,6% para a faixa etária entre os 15 e os 64 anos. No caso da Grécia verificou-se uma taxa de 34,3% e na Suécia de 74,5%.

Heinz Koller chamou a atenção para uma tendência que considera “que o envelhecimento tem um impacto negativo no crescimento económico, devido a desajustes de competências, e devido aos investimentos necessários para as empresas se adaptarem às necessidades específicas dos trabalhadores mais velhos”.

Mas o Diretor Regional da OIT lembrou que “ao mesmo tempo, as economias também podem experimentar acelerações de crescimento, devido, em particular, à capacidade dos trabalhadores mais velhos para desenvolver sua experiência e tomar decisões.”

Trabalhadores mais velhos são menos afetados por crises económicas

Outro dos pontos a ter em conta no envelhecimento ativo é o de que “os trabalhadores mais velhos tendem a ser menos afetados durante uma crise”, pelo menos na União Europeia, do que a população na media da idade ativa e os jovens trabalhadores. Na última crise económica ao contrário das recessões anteriores, em que “os trabalhadores mais velhos eram frequentemente encorajados a escolher a reforma antecipada”, nesta última “as empresas deram preferência aos seus trabalhadores mais experientes.”

Mas os trabalhadores mais velhos que perderam os seus empregos têm muitas dificuldades em encontrar um novo emprego, Isto deve ao facto de que no “atual ritmo de desenvolvimento tecnológico, as competências dos trabalhadores mais velhos podem tornar-se obsoletas rapidamente, ou mesmo serem substituídas pela tecnologia”.

Neste caso o Diretor Regional da OIT lembra que “o desenvolvimento de sistemas adequados de aprendizagem ao longo da vida será fundamental para lidar com o envelhecimento da força de trabalho.”

Os empresários seniores também são um potencial motor de desenvolvimento das empresas e uma potencial fonte de criação de emprego. Como é “o caso particular, da ‘economia de cuidados’ e das profissões relacionadas à segurança e à saúde ocupacional”. “É esperada uma forte procura, em economias desenvolvidas, de médicos, enfermeiros, paramédicos, fisioterapeutas e vários outros técnicos especializados em ergonomias no local de trabalho e até mesmo consultores de vida saudável na velhice.”