
Da avaliação à economia da Bulgária o Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu que a procura interna está a impulsionar uma expansão robusta da economia, com o PIB a crescer de 3,4% em 2024 e a situar-se em 3,2% no primeiro semestre de 2025, que mostra um consumo privado sustentado, que ao mesmo tempo suportado por um forte crescimento do crédito e por um alívio fiscal.
Verificou-se uma inflação acelerar no início de 2025, e continua elevada. O desemprego está a níveis historicamente baixos num mercado de trabalho já aquecido e onde os salários reais estão a crescer rapidamente.
A perspetiva de crescimento a curto prazo é positiva. Projeta-se que o crescimento se mantenha na ordem dos 3% em 2025 e 2026, suportado pelo consumo interno e pelo investimento público financiado pelo Plano de Resiliência e Recuperação (RRP). A inflação geral deverá rondar os 3,5% em 2025 e 2026, antes de começar a descer. Os riscos para a perspetiva decorrem principalmente da incerteza da política interna, das pressões da procura interna e da maior volatilidade externa.
O FMI concluiu que o momento económico é forte, que o mercado de trabalho está aquecido e a inflação está elevada. Mas, se o crescimento elevado dos salários impulsionou a convergência dos rendimentos o crédito está a expandir-se rapidamente. No entanto, o crescimento da produtividade está a ficar para trás.
O relatório indica que na Bulgária a procura externa é moderada, o que reflete o crescimento mais lento nos principais mercados da UE e a incerteza global. No entanto, a posição externa em 2024 é considerada amplamente alinhada com os fundamentos e as configurações políticas desejáveis. O FMI perspetiva que para futuro, a balança corrente deverá manter-se negativa no curto prazo.
A perspetiva da adoção do euro, como moeda da Bulgária, é considerada pelo FMI como uma oportunidade para reforçar as instituições, aumentar a credibilidade das políticas e impulsionar o crescimento a médio prazo.
Para o FMI a transição para o euro deverá reforçar a credibilidade institucional e a confiança dos investidores, ao mesmo tempo que reduzirá o risco cambial e os custos de transação. Alguns destes benefícios são já visíveis na redução dos spreads soberanos e nas recentes melhorias na classificação de crédito da Bulgária.
A política orçamental deverá manter-se expansionista em 2025-2026, e o FMI recomenda uma postura neutra, que pode ser alcançada por uma combinação de medidas de despesas e receitas, bem como a moderação do crescimento dos salários do sector público e a indexação dos benefícios, em particular, que possam gerar poupanças fiscais significativas e aliviar as pressões inflacionistas.
O FMI observou que a substancial recapitalização das empresas estatais contribui para o afrouxamento fiscal e sublinha a necessidade de maior transparência. Para o FMI o aumento da coerência e da transparência das políticas públicas poderá reduzir as distorções e reforçar a credibilidade dos relatórios fiscais.
A reforma da segurança social deve focar-se na sustentabilidade e na adequação, indicou o FMI e observou que o défice do regime de segurança social de repartição está a aumentar e o envelhecimento da população irá aumentar ainda mais o défice.
Para proteger a sustentabilidade financeira é importante reforça-la através do aumento das receitas das contribuições, e é considerada uma medida fundamental a remoção do teto da renda segurável, que não acompanhou o crescimento salarial. No entanto, para o FMI também deverão ser melhoradas adequadamente as pensões para reduzir a pobreza na terceira idade.
Para manter o espaço fiscal no meio das crescentes pressões de despesa deverão ser implementadas políticas prudentes e reformas com visão de futuro. Mesmo com o risco geral de sobreendividamento a permanecer baixo, o FMI anotou que a dívida pública está a aumentar, devido aos défices persistentes e às consideráveis recapitalizações das empresas estatais.
O FMI chama a atenção de que para lidar com as pressões de despesa que vêm do envelhecimento da população, da defesa, das infraestruturas e da transição energética irá ser exigido espaço fiscal.
A capacidade do país gerar receitas pelo imposto fixo parece insuficiente para satisfazer as crescentes exigências de serviços de qualidade. A médio prazo, um aumento de receita poderá ter de ocorrer pelo aumento de taxas de imposto sobre o rendimento, aplicadas a pessoas singulares como as pessoas coletivas, com base na adoção de um sistema de tributação progressiva do rendimento.
O FMI também constatou que o setor financeiro continua resiliente. No entanto, o rápido crescimento do crédito ao consumo, particularmente dos empréstimos à habitação, aumentou os riscos sistémicos no mercado imobiliário. Assim, considera as vantagens de haver uma monitorização rigorosa do mercado imobiliário.
Olhando a elevação dos níveis de vida que se têm verificado e para que os mesmos sejam sustentáveis o FMI observou que serão necessárias reformas estruturais contínuas, uma governação melhorada e investimentos estratégicos em capital humano e físico.
Os dividendos do crescimento provenientes do alargamento do investimento público de qualidade e da redução das lacunas estruturais de política podem ser substanciais, mas a melhoria da governação e da qualidade institucional é essencial para o crescimento a longo prazo e para a construção da confiança, reforçou o FMI.
O FMI concluiu que para enfrentar os desafios da produtividade e demográficos exigirá um investimento sustentado no capital humano e uma maior participação no mercado de trabalho. A reforma é também crucial para a transição para um sector energético mais resiliente, mais eficiente e mais limpo, com uma governação mais forte e vulnerabilidades fiscais reduzidas.













