Manuel DaCosta – empresário e filantropo da comunidade portuguesa em Toronto

Empresário luso no Canadá é um dos mais ativos beneméritos na preservação da cultura portuguesa. Daniel Bastos lembra, neste seu artigo, a dimensão do Comendador Manuel DaCosta enquanto empresário e filantropo.

Daniel Bastos, Historiador e Escritor
Daniel Bastos, Historiador e Escritor. Foto: DR

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.

Nos vários exemplos de empresários portugueses da diáspora, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia estratégica na promoção internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso do comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto.

Natural de Castelo do Neiva, concelho de Viana do Castelo, Manuel DaCosta emigrou para o Canadá em 1970, com 14 anos de idade, na companhia da mãe e dos irmãos, ao encontro da figura paterna que emigrara três anos antes em demanda de melhores condições de vida para uma família humilde e numerosa de pescadores-lavradores, marcada pelo espectro de grandes carências, na esteira da larga maioria da população que durante a ditadura portuguesa vivia na pobreza, quando não na miséria.

 Destacado empresário da diáspora, o comendador Manuel DaCosta (dir), é também proprietário da Peach Gallery, uma galeria de arte em Toronto que tem divulgado obras de artistas lusófonos, como em 2018, aquando da exposição “Con-Textos de Criatividade” do mestre-pintor português Orlando Pompeu, cuja curadoria esteve a cargo do historiador Daniel Bastos (esq.)

Destacado empresário da diáspora, o comendador Manuel DaCosta (dir), é também proprietário da Peach Gallery, uma galeria de arte em Toronto que tem divulgado obras de artistas lusófonos, como em 2018, aquando da exposição “Con-Textos de Criatividade” do mestre-pintor português Orlando Pompeu, cuja curadoria esteve a cargo do historiador Daniel Bastos (esq.). Foto: DR

A chegada a Toronto, a maior cidade do Canadá, numa fase de crescimento da emigração lusa para o território da América do Norte, marca o início de um percurso de vida de um verdadeiro “selfmade man”. O trabalho, o esforço e a resiliência, valores coligidos no exemplo diário da mãe, transformaram o jovem castelense, que começou a trabalhar na colheita do tomate em Wallaceburg e anos mais tarde frequentou a Ryerson Polytechnical Institute, universidade onde se formou em arquitetura e aprendeu muitos dos alicerces que lhe permitiram progredir profissionalmente, num dos mais proeminentes empresários portugueses na área da engenharia de construção na província do Ontário.

Empresário multifacetado, com uma trajetória marcada pelo mérito e pela inovação, premissas que estão na base das insígnias do grau de comendador que lhe foram atribuídas pelas autoridades portuguesas, Manuel DaCosta dirige presentemente uma das mais importantes empresas de comunicação social luso-canadianas. Designadamente, a MDC Media Group, que incorpora órgãos de informação como a Camões Radio & TV, o jornal Milénio Stadium, as revistas Amar e Luso Life, e que desde a sua génese se tem posicionado como uma plataforma de inovação e informação ao serviço da comunidade lusófona no Canadá.

O sucesso que alcançou ao longo das últimas décadas no mundo dos negócios, tem sido constantemente acompanhado de um generoso apoio a projetos emblemáticos da comunidade portuguesa em Toronto, a quem devota uma forte preocupação com o conhecimento do seu passado, os desafios do seu presente e a sua futura matriz cultural e identitária.

Nunca abdicando da coragem, frontalidade e audácia de pensar, dizer e fazer, o comendador Manuel DaCosta, é entre outras iniciativas, autor do Portuguese Canadian Walk of Fame, que anualmente laureia portugueses que se têm destacado no território canadiano. Assim como, da Galeria dos Pioneiros Portugueses, um espaço museológico singular em Toronto que se dedica à perpetuação da memória e das histórias dos pioneiros da emigração portuguesa para o Canadá.

Dinamizador e patrocinador de várias atividades, e projetos de cariz sociocultural e solidário, como o que promete vir a ser um dos mais relevantes da comunidade luso-canadiana, mormente a Magellen Community Charities, uma organização sem fins lucrativos que pretende inaugurar daqui a dois anos um centro para 320 idosos em Toronto, o empresário e filantropo não esquece também as suas raízes.

Ainda no ano transato, no âmbito das comemorações do 171.º aniversário de elevação de Viana do Castelo a cidade, o município alto-minhoto distinguiu Manuel DaCosta com o título de “Cidadão de Honra de Viana do Castelo” pelos notáveis serviços de cidadania e relevantes serviços na diáspora enquanto empresário e promotor da cultura portuguesa. Na base desta distinção esteve, igualmente, a sua estreita ligação ao torrão natal, Castelo do Neiva, que se mantém até aos dias de hoje através da presidência da Associação dos Amigos de Castelo do Neiva em Toronto, uma coletividade que contribuiu decisivamente para a construção da praça Gentes do Mar e da casa mortuária.

Uma das figuras mais conhecidas da comunidade lusa em Toronto, onde vive a maioria dos mais de 500 mil portugueses e lusodescendentes presentes no Canadá, o exemplo de vida do empresário e filantropo Manuel DaCosta, inspira-nos a máxima do poeta Friedrich Schiller: “Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos”.

Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor